Desporto

Três anos, três troféus e uma infinidade de polémicas

Três "escassos" troféus e uma infinidade de polémicas marcaram os três anos do treinador português de futebol José Mourinho no Real Madrid, "eclipsando" tudo o resto, incluindo uma enormidade de 127 triunfos.

© Juan Medina / Reuters

Em vésperas do 178º e último jogo ao comando dos "merengues", o técnico português sai "derrotado" pela pior época da carreira, em que se ficou pela conquista da Supertaça espanhola, a pressão de uma imprensa que nunca o poupou e um  balneário que foi perdendo. 

A Liga espanhola de 2011/2012, arrebatada com um recorde de 100 pontos, marca que o Barcelona se apresta para igualar, e 121 golos, foi o único grande feito, ao qual se junta ainda a Taça do Rei na época de estreia.

Depois de seis títulos pelo FC Porto, em duas épocas e meia, outros tantos pelo Chelsea, em pouco mais de três, e cinco pelo Inter de Milão,  em duas, "Mou" não conseguiu, em resumo, vencer o desafio Real Madrid. 

Frente a uma equipa do Barcelona apontada como uma das melhores da  história, Mourinho ganhou três "batalhas", mas perdeu a "guerra", mesmo esta época, já sem ter pela frente Pep Guardiola, substituído pelo adjunto  Tito Vilanova. 

Para "complicar" ainda mais o seu balanço ao comando dos madrilenos,  Mourinho teve de dividir o mérito dos troféus conquistados com o seu compatriota  Cristiano Ronaldo, depois de, no Porto, Milão e Londres, ter sido quase  o único protagonista, o grande "herói" de todos os sucessos. 

A péssima entrada na Liga 2012/2013 comprometeu bem cedo a época,  falhada em definitivo com a terceira queda consecutiva nas meias-finais  da "Champions" e o consequente adeus à "10º", há muito uma obsessão "merengue". 

A derrota caseira na final da Taça do Rei, frente ao vizinho Atlético  de Madrid, selou em definitivo o "annus horribilis" de Mourinho, que, entretanto,  também se envolvera num confronto - com o guarda-redes e "símbolo" Casillas  - perdido à partida. 

O "rasgar" do contrato até 2016, anunciado pelo presidente Florentino  Perez, não foi mais do que a oficialização de algo que há muito era uma  inevitabilidade. 

Para trás ficava uma relação iniciada em 2010, pouco depois de Mourinho  ter levado, surpreendentemente, o Inter de Milão ao título europeu, em pleno  Santiago Bernabéu, numa final frente ao Bayern Munique (2-0). 

O técnico luso nem venceu o primeiro jogo (0-0 em Maiorca, a 29 de agosto  de 2010), mas não perdeu nenhum dos primeiros 19 ao comando dos "merengues",  até ao "pesadelo" dos 0-5 com o FC Barcelona, em Nou Cam. A pior derrota  da carreira. 

Frente ao um "Super Barça", o Real Madrid não mais conseguiu liderar  o campeonato, mas foi progredindo nas outras provas e, a 20 de abril, teve  a sua primeira grande alegria, ao vencer os catalães na final da Taça do  Rei, graças a um tento de Ronaldo, no prolongamento (1-0). 

Depois, nas "meias" da "Champions", a equipa madrilena sucumbiu, porém,  face ao conjunto de Guardiola, num duelo resolvido na primeira mão, no Bernabéu  (0-2), com um "bis" de Messi, depois de uma expulsão polémica de Pepe. O  FC Barcelona ganharia a prova, pela segunda vez em três anos. 

Na época seguinte, o Real Madrid começou por perder a Supertaça para  o "Barça" (2-2 em casa e 2-3 em Nou Camp, onde Messi resolveu quase no fim),  e também cedeu no primeiro duelo com os catalães na Liga (1-3 em casa).

Mas, aproveitando a irregularidade do FC Barcelona, a equipa de Mourinho  comandou sempre o campeonato, que selou praticamente a três rondas do fim,  com um importante triunfo em Nou Camp, por 2-1, em mais um jogo decidido  por Ronaldo. 

Nas outras provas, o Real Madrid não conseguiu o mesmo sucesso, caindo  nos "quartos" da Taça do Rei face ao "Barça" (1-2 em casa e 2-2 fora) e  nas "meias" da Liga dos Campeões, na "lotaria" (1-3), frente ao Bayern,  depois de 1-2 em Munique e 2-1 no Bernabéu, após prolongamento. 

A presente temporada começou com a vitória na Supertaça (2-3 fora e  2-1 em casa), frente aos catalães, mas, no campeonato, o Real Madrid perdeu  oito pontos nas primeiras quatro jornadas e começou cedo a comprometer o  "bis". 

A "10." foi permitindo a Mourinho "respirar" e ganhou forma com a eliminação  feliz do Manchester United, mas um pesado desaire por 4-1 em Dortmund, a  abrir as "meias", acabou com o "sonho", ainda reavivado com dois golos a  terminar o segundo jogo (2-0). Não houve milagre. 

O "mal menor" que seria a conquista da Taça do Rei acabou em mais uma  enorme deceção, com o Atlético de Madrid, que há anos não vencia os "merengues",  a triunfar por 2-1, após prolongamento, em pleno Bernabéu. 

Além dos maus resultados, a terceira época de Mourinho ficou marcada,  mais do que as anteriores, por sucessivas polémicas, com o português a entrar  em inúmeras batalhas fora das quatro linhas, algumas perdidas por antecipação.

O "confronto" com Casillas, que teve um papel decisivo nos títulos de  "Mou" em Madrid e verdadeiro símbolo do clube e do futebol espanhol, acabou  em definitivo com a relação Mourinho/Real Madrid. Um final pouco feliz.

Mourinho em números

0:  Títulos na Liga dos Campeões. 

1: Títulos na Liga espanhola (Taça do Rei de Espanha e na Supertaça Espanhola)

2: Máximo de derrotas consecutivas (duas vezes). 

3: Títulos. 

4: Jogos na Supertaça espanhola. 

5: Derrotas em 2011/2012. 

6: Derrotas em 2010/2011. 

8: Máximo de golos num jogo (8-0 ao Levante, na primeira mão dos oitavos

de final da Taça do Rei de 2010/2011, e 8-1 ao Almeria, na 38. jornada da Liga 2010/2011). 

11: Derrotas em 2012/2013. 

12,4: Percentagem de derrotas. 

15: Máximo de vitórias consecutivas (24/09 a 07/12/11). 

15,8: Percentagem de empates. 

16: Vitórias na Taça do Rei. 

17: Jogos com o FC Barcelona. 

20: Só perdeu ao 20. jogo oficial (0-5 em Nou Camp). 

22: Derrotas. 

24: Vitórias na Liga dos Campeões. 

28: Empates. 

36: Jogos na Liga dos Campeões. 

46: Vitórias na época 2011/2012. 

58: Jogos na época 2011/2012. 

59: Jogos na época 2010/2011. 

61: Jogos na época 2012/2013. 

71,8: Percentagem de vitórias. 

86: Vitórias na Liga espanhola. 

100: Pontos na Liga espanhola 2011/2012. 

114: Jogos na Liga espanhola. 

121: Golos na Liga espanhola 2011/2012. 

127: Vitórias. 

166: Golos sofridos. 

174: Golos na época 2011/2012. 

178: Jogos 

322: Golos na Liga espanhola. 

471: Golos marcados. 

   

Com Lusa

Últimas