Cultura

Hollywood em greve: "Daqui a seis meses não vai haver séries"

O ator português Joaquim de Almeida, que integra o sindicato dos atores no Estados Unidos, explica a greve que acontece em Hollywood e o que poderá acontecer às produções das séries e filmes caso não haja acordo.

SIC Notícias

Os atores norte-americanos estão em greve desde sexta-feira e juntam-se ao protesto dos argumentistas. esta deverá ser a maior paralisação da indústria cinematográfica dos últimos 60 anos, nos estados unidos. Em Londres, e depois de anunciada a greve, o elenco que participava na estreia de um novo filme, abandonou o evento.

A indústria cinematográfica norte-americana está a viver a maior crise dos últimos 60 anos. À greve dos guionistas, juntaram-se ontem os atores numa luta por melhores salários.

Joaquim de Almeida, ator português que muitas vezes participa em produções de Hollywood conversou com a SIC Notícias sobre esta situação.

“Eu faço isto há 42 anos, a última greve dos atores foi há 60 anos. Eu recebia normalmente 80 mil euros por ano em direitos de autor, baixou para metade, porque o streaming não é controlável e deixamos de receber o dinheiro. A nível da inteligência artificial podem usar a minha imagem e voz sem a minha autorização e sem me pagar”, explicou o ator português.

Para além disso, Joaquim de Almeida diz que o que está no cerne da questão é a facilidade com que se “rouba” e se faz apropriação dos filmes, das imagens sem os atores serem pagos.

“Os produtores tão a ser mais bem pagos. Nós estamos a receber menos. Antes era mais fácil, ao ser vendido os filmes, a estar no cinema, recebíamos, mas agora as pessoas vêem tudo em streaming e é mais complicado”, esclareceu.

Em Portugal não existe um sindicato de atores, mas no Estados Unidos sim. Joaquim de Almeida esclareceu que vai pedir a reforma agora com quase 66 anos, com oito mil e quinhentos dólares por mês.

“A última greve dos escritores foram quatro meses e surtiu efeito. Esta greve vai surtir efeito. Esta greve vai durar até ao fim do ano e a repercussão é que daqui a seis meses não vai haver séries”, conclui o ator.

Em Londres, o elenco que participava na estreia de um novo filme, abandonou o evento assim que foi anunciada a greve. Estava tudo pronto para a estreia de Oppenheimer, num cinema do centro de Londres. Mas o elenco sabia que o anúncio da greve estava por horas e por isso, todos estavam preparados para agir em conformidade.

A estreia do filme até foi antecipada 1h para que desse tempo para terminar a cerimónia. Mas confirmada a greve, os protagonistas abandonaram a sessão. Milhares de atores juntam-se agora à luta dos guionistas que já estavam em greve há vários dias.

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