A abrir o genérico final de “The Covenant”,o realizador Guy Ritchie faz questão em sublinhar os possíveis significados da palavra, aliás devidamente traduzidos pelas legendas: “pacto” (como tradução direta de “covenant”) e depois “acordo”, “juramento” e “compromisso”. Porque é que uma destas palavras não foi utilizada para o lançamento do filme no mercado português? — eis um mistério.
Estamos, de facto, perante uma aliança muito especial de dois homens envolvidos na invasão do Afeganistão pelo exército dos EUA, na sequência dos atentados do 11 de setembro. Um deles é o sargento John Kinley, interpretado por Jake Gyllenhaal; o outro é Ahmed, numa composição do ator dinamarquês, nascido no Iraque, Dar Salim — Ahmed é o guia de Kinley; quando Kinley é gravemente ferido, ambos vivem uma odisseia cruel em território hostil…
Não deixa de ser desconcertante que um filme protagonizado por Gyllenhaal não tenha tido uma passagem pelas salas de cinema. Aliás, convém não esquecer que Ritchie também não é uma figura desconhecida de muitos espectadores, nomeadamente através de sucessos como “Snatch - Porcos e Diamantes” (2000), com Brad Pitt, ou “Sherlock Holmes” (2009), com Robert Downey Jr.
Dito isto, convenhamos que “The Covenant” é uma curiosa surpresa, superando as convenções do “filme-de-guerra” que lhe servem de ponto de partida. Acima de tudo, Ritchie percebe que tem entre duas mãos duas personagens invulgares e que o essencial se joga no seu diálogo de muitos ziguezagues emocionais — são dois homens de mundos distantes (e profundamente distintos) envolvidos numa mesma saga de resistência e sobrevivência.