"Um acordo político foi alcançado quanto ao pacote de sanções económicas" durante uma reunião dos embaixadores dos 28 em Bruxelas em que estes analisaram a proposta legislativa da Comissão Europeia (CE) para tornar efetivas tais medidas restritivas, anunciou a porta-voz do serviço diplomático da UE.
As novas medidas vão além do congelamento de bens e da proibição de vistos utilizados até agora, impondo, em vez disso, restrições aos setores das finanças, defesa e energia para aumentar os custos para a Rússia da sua continuada intervenção e apoio aos separatistas pró-Moscovo na Ucrânia.
Trata-se da primeira vez em que há um consenso na UE quanto à adoção de sanções económicas contra Moscovo, conhecidas como "de fase três" e que incluirão restrições financeiras e um embargo de armas, indicaram fontes comunitárias citadas pela agência de notícias espanhola Efe.
Os embaixadores dos Estados-membros da UE estudaram pormenorizadamente na sua reunião "as áreas" e "os produtos" que seriam afetados pela decisão.
A Comissão tinha preparado uma proposta legislativa que incluía medidas contra a Rússia no âmbito do acesso aos mercados de capitais, da defesa, do uso civil e militar de bens e de tecnologia de setores sensíveis, especialmente a relacionada com o setor energético.
Até agora, as sanções impostas pela UE à Rússia haviam-se centrado no cancelamento de reuniões bilaterais, na suspensão de cooperação em determinadas áreas e no congelamento de ativos e proibição de emissão de vistos a pessoas e entidades consideradas responsáveis pela destabilização do leste da Ucrânia.
Esta nova decisão surge um dia depois da conversa que o Presidente norte-americano, Barack Obama, manteve com a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, François Hollande, e os primeiros-ministros britânico, David Cameron, e italiano, Matteo Renzi, para coordenar com eles a possibilidade de decretar novas sanções contra a Rússia.
Após o abate do avião comercial da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, que se despenhou no leste da Ucrânia, numa área controlada por separatistas pró-russos, estes países quiseram dar à Rússia uma resposta, já que esta continua a fornecer armas aos rebeldes, explicou, após a conversa, o assessor adjunto de segurança nacional da Casa Branca, Tony Blinken.
Depois da UE, também Washington anunciou já que irá também impor novas sanções a Moscovo por instigar a crise na Ucrânia.
"Estamos a preparar mais sanções, com a Europa", disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, à imprensa, pouco após o anúncio por Bruxelas da adoção de novas sanções contra a Rússia.
Kerry acrescentou, contudo, que o Presidente russo, Vladimir Putin, "ainda tem a possibilidade de fazer uso da sua capacidade para influenciar os separatistas".
Lusa