Crise na Ucrânia

Putin aceita grupo de contacto proposto por Merkel

O presidente russo aceitou uma proposta da chanceler alemã de criação de "um grupo de contacto" para iniciar "um diálogo político" sobre a Ucrânia, disse hoje o governo alemão, após um telefonema de Angela Merkel para Vladimir Putin.  

© Alexander Demianchuk / Reuters

"O presidente Putin aceitou a proposta da chanceler de estabelecer imediatamente  uma missão de inquérito e um grupo de contacto, eventualmente sob a direção  da OSCE  1/8Organização para a Segurança e Cooperação na Europa 3/8, para dar  início a um diálogo político", refere um comunicado do governo alemão. 

Hoje, a NATO pediu à Rússia e a Ucrânia para procurarem uma "solução  pacífica" para a crise através "do diálogo e do destacamento de observadores  internacionais", a ser feito "sob os auspícios do Conselho de Segurança  das Nações Unidas ou da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa".

Na conversa telefónica com Putin, a chanceler alemã "acusou o presidente  russo de ter violado o direito internacional com a intervenção russa, inaceitável,  na Crimeia".  

Merkel criticou a violação do Memorando de Budapeste de 1994, no qual  a Rússia se tinha comprometido a respeitar a independência e a soberania  da Ucrânia, nas fronteiras existentes, tal como do tratado sobre a frota  russa do Mar Negro de 1997.   

A chanceler voltou a pedir a Putin para respeitar a integridade territorial  da Ucrânia, de acordo com o mesmo comunicado.  

No Memorando de Budapeste, assinado em 1994, a Rússia, os Estados Unidos  e o Reino Unido estabeleceram-se como garantes da independência da Ucrânia  em troca da renúncia às armas nucleares, após o fim da URSS da qual fazia  parte.  

De acordo com o tratado de 1997, a base naval da marinha russa continua  em Sebastopol, porto da Crimeia, graças a uma concessão de 20 anos, assinada  entre a Ucrânia e a Rússia, e que está em vigor até 2017.  

Durante a tarde, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter  Steinmeier, mostrou-se cético quando a uma eventual exclusão da Rússia do  G8 - referida por Washington - defendendo um desanuviamento da situação  na Ucrânia.  

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após  a queda do ex-presidente Viktor Ianukovich, por causa da Crimeia, península  do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia do  Mar Negro. 

A câmara alta do parlamento russo aprovou no sábado, por unanimidade,  um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças  armadas russas no território da Ucrânia". 

Esta decisão surgiu um dia depois da denúncia da Ucrânia de que a Rússia  fez uma "invasão armada" na Crimeia. 

Já o presidente norte-americano, Barack Obama, telefonou a Vladimir  Putin a quem pediu para fazer recuar as forças russas para as bases na Crimeia,  advertindo-o contra um isolamento internacional crescente, se mantiver a  intervenção na Ucrânia. 

A administração norte-americana fez igualmente saber, em comunicado  oficial, que decidiu suspender a sua participação nas reuniões preparatórias  da cimeira do G8 (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados  Unidos, Japão e Rússia).  

Por seu lado, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, exortou  a Rússia a renunciar ao envio de tropas em direção à Ucrânia e respeitar  as leis e compromissos internacionais. 

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros da União Europeia  vão reunir-se de urgência na segunda-feira para analisar a situação na Ucrânia.

 

                     

 

Lusa 

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