A 08 de dezembro de 2012, antes de ser submetido em Cuba a mais uma intervenção cirúrgica para travar um cancro na zona pélvica, o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, confirmou Nicolás Maduro como o seu delfim e o seu sucessor político.
Perante a opinião pública internacional, Chávez, cuja morte foi hoje anunciada, pediu então aos venezuelanos para acolherem Maduro como o novo Presidente, caso deixasse o poder, assegurando então que o antigo sindicalista era "um revolucionário de corpo inteiro" e "um homem de grande experiência apesar da sua juventude".
"É um dos jovens líderes que detém as melhores capacidades" para dirigir o país "com a sua mão firme, com a sua visão, com o seu coração de homem do povo, com o seu talento para as pessoas (...), com o conhecimento internacional que ganhou", acrescentou na mesma altura Chávez.
Após assumir a diplomacia venezuelana durante mais de seis anos, Nicolás Maduro foi nomeado vice-Presidente após a euforia da última vitória eleitoral de Chávez, a 07 de outubro de 2012, para um novo mandato presidencial de seis anos (2013-2019).
Nascido em Caracas, a 23 de novembro de 1962, Maduro é um convicto homem de esquerda que iniciou o seu percurso político quando andava no liceu, como líder estudantil maoista.
Não frequentou o ensino superior e começou a trabalhar como motorista dos autocarros do Metro de Caracas, onde se destacou como líder sindical na década de 1990.
Nicolás Maduro integrou o "grupo de confiança" de Chávez desde que este foi preso por tentativa de golpe de Estado em fevereiro de 1992.
O encontro entre os dois responsáveis aconteceu por causa da mulher de Maduro, advogada e a atual procuradora-geral da Venezuela Cilia Flores, que lutou pela libertação de Chávez.
Como um dos fundadores do Movimento V República (MVR), força política de Hugo Chávez, Nicolás Maduro foi eleito deputado em 2000, depois de ter participado na redação da nova Constituição venezuelana, promulgada em 1999.
Em janeiro de 2006, foi designado presidente do Parlamento e, alguns meses depois, em agosto, assumiu a pasta da diplomacia venezuelana.
Como homem da máxima confiança, Maduro foi o único ministro que acompanhou Chávez nas três primeiras deslocações a Cuba, bem como foi o escolhido para informar os venezuelanos do estado de saúde do chefe de Estado. Em algumas dessas ocasiões, Nicolás Maduro não conseguiu conter a emoção.
Sobre a figura de Maduro, os analistas destacam o tom conciliador e a capacidade de negociar e de influenciar as diferentes fações do "chavismo" (movimento político associado a Hugo Chávez).
"Ele não é ruidoso em termos verbais" e "parece ser alguém (...) que está disposto a dialogar", afirmou o politólogo Ricardo Sucre, citado pelas agências internacionais.
"Além disso, é a escolha dos 1/8líderes cubanos Fidel e Raul 3/8 Castros", grandes aliados do Presidente Chávez, acrescentou o professor da Universidade Central da Venezuela.
A historiadora Margarita Lopez Maia, também citada pelas agências internacionais, sublinhou a "fidelidade" do "melhor porta-voz" internacional do Governo de Chávez, numa altura em que Caracas adotou uma retórica "anti-imperialista" e manifestou apoio a regimes controversos, como o Irão, Líbia e Síria.
A opinião do povo venezuelano em relação a Maduro também parece ser favorável.
Em meados deste mês, uma sondagem revelava que Nicolás Maduro obteria 50% das intenções de voto se a Venezuela realizasse eleições presidenciais antecipadas, contra os 36% do líder da oposição venezuelana Henrique Capriles.
Lusa