Ébola

Investigador critica lentidão da resposta ao ébola

O belga Peter Piot, codescobridor do vírus Ébola em 1976, afirmou hoje que tudo aconteceu para que a epidemia ganhasse velocidade e lamentou "a lentidão extraordinária" de resposta da Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Atualmente, mais de 240 trabalhadores da Saúde foram contaminados pelo vírus na Guiné Conacri, Nigéria e na Serra Leoa e mais de 120 morreram",  esclarece a OMS em comunicado.
Abbas Dulleh

"Nós nunca tínhamos tido um surto de tal amplitude (...) Há seis meses  nós assistimos ao que podemos chamar uma tempestade perfeita: tudo se reuniu  para que ganhasse esta velocidade", declarou o investigador numa entrevista  ao jornal francês Libération. 

A epidemia do Ébola, que já fez quase 1.500 mortos, "explodiu em países  em que os serviços de saúde não funcionam, devastados por anos de guerra.  Além disso, a população desconfia radicalmente das autoridades", referiu  Piot ao jornal. 

"É preciso restabelecer a confiança. Nada pode ser feito numa epidemia  como esta do Ébola sem a confiança", acrescentou. 

 O coordenador das Nações Unidas contra o vírus Ébola, o médico David  Nabarro, já avisou que a luta contra o surto é uma guerra que poderia levar  até seis meses. 

Peter Piot igualmente lamentou "a lentidão extraordinária" das instituições.

"A OMS só acordou em julho", ainda que o alerta tenha sido lançado no  início de março e sabendo-se que a epidemia teve início em dezembro de 2013.

"Agora assume a liderança, mas é tarde", sublinhou. 

Em meados de agosto, os especialistas reunidos pela OMS julgaram ético  fornecer aos doentes medicamentos experimentais com efeitos secundários  ainda não testados. 

"O mínimo que podemos fazer é colocar estes produtos disponíveis em  países que foram afetados (pelo Ébola)", defendeu o investigador.

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