A primeira reunião entre países da União Europeia, incluindo Portugal, e latino-americanos para abordar a crise na Venezuela realiza-se hoje no Uruguai, tendo como meta definir um plano, em 90 dias, para um futuro processo político pacífico naquele país.
Nesta primeira reunião ministerial do designado Grupo de Contacto Internacional (GCI) para a Venezuela a decorrer em Montevidéu (capital do Uruguai), a União Europeia (UE) estará representada pela chefe da diplomacia europeia, a italiana Federica Mogherini, e por oito Estados-membros do bloco comunitário (Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Suécia).
Do lado da América Latina, Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai confirmaram a sua participação.O México não se tinha juntado oficialmente ao grupo, mas na quarta-feira foi noticiada a chegada a Montevidéu de uma delegação liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano, Marcelo Ebrard.
Nem o governo venezuelano, chefiado pelo contestado Presidente Nicolás Maduro, nem a oposição venezuelana, liderada por Juan Guaidó que se autoproclamou Presidente interino do país e que tem vindo a ganhar o reconhecimento de vários países, nomeadamente de Portugal, vão fazer parte desta primeira reunião.
"O GCI tem por objetivo contribuir para a criação de condições para a emergência de um processo político pacífico, permitindo ao povo venezuelano determinar o seu futuro através da realização de eleições livres, transparentes e credíveis, em linha com as disposições da Constituição Venezuelana", referiu, na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, numa nota enviada às redações, em que reitera a presença do ministro Augusto Santos Silva no encontro.
O início da reunião está previsto para as 11:30 hora local (14:30 hora de Lisboa). Uma vez terminada, é espectável a realização de uma conferência de imprensa.
A UE trabalha desde outubro na criação deste grupo de contacto, que deveria ter sido lançado só em meados do corrente mês de fevereiro.
Mas a autoproclamação, a 23 de janeiro, do presidente do Assembleia Nacional (parlamento venezuelano), Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela, acelerou o processo.
Os membros do grupo esperam que a pressão internacional, combinada com a deterioração da situação económica da Venezuela (que durante décadas foi considerado o Estado mais rico da América Latina, à custa do petróleo), convença Maduro de que esta é uma possível solução para a crise sem cair na violência.Maduro, que conta com o apoio das forças militares venezuelanas e de países como a China e a Rússia, rejeita a possibilidade de abandonar o poder ou de convocar novas eleições presidenciais no país, porque não aceita "ultimatos de ninguém".
Os 90 dias para alcançar um processo político pacífico "não são um ultimato", mas "um limite temporal", declarou a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, quando na passada quinta-feira apresentou a missão do grupo de contacto, após uma reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros europeus em Bucareste (Roménia).
"Queremos uma solução pacífica e democrática, a violência foi usada na Venezuela e queremos evitar qualquer tentação militar", insistiu na mesma ocasião.A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Lusa