Um membro do governo britânico anunciou hoje a demissão por discordar do convite da primeira-ministra ao líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, para negociações que permitam encontrar uma saída do impasse no processo do 'Brexit'.
Nigel Adams, subsecretário de Estado para o País de Gales, criticou a primeira-ministra, Theresa May, e o Governo por estarem dispostos a negociar um acordo "com um marxista que nunca na sua vida política colocou os interesses dos britânicos em primeiro lugar".
Na sua opinião, o Governo deveria ter decidido no conselho de ministros de terça-feira, que durou sete horas, avançar com uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo.
"No entanto, legitima e recorre a Jeremy Corbyn para ajudá-la nesta fase crucial, em vez de ser ousada, é um erro sério. É claro que agora vamos acabar numa união aduaneira. Isso não é o 'Brexit' que foi prometido aos meus eleitores, e é oposto ao compromisso que fizemos no nosso programa eleitoral", escreveu, na cara de demissão dirigida a May.
A missiva foi divulgada pouco antes do debate semanal de hoje no parlamento, durante o qual Adams questionou May, mas sobre o acesso para pessoas com mobilidade reduzida da localidade de Selby, no norte de Inglaterra.
Mesmo assim, a primeira-ministra elogiou o seu trabalho ao longo de dois anos no governo e lamentou a sua demissão, que faz subir para 30 o número de membros do governo de Theresa May que abandonaram funções por incompatibilidade com a estratégia para o 'Brexit'.
May e Corbyn vão encontrar-se esta tarde a pedido da primeira-ministra, que anunciou na terça-feira que pretende pedir à UE um novo adiamento da data do 'Brexit' "o mais curto possível".
May pretende que das negociações com Corbyn resulte um plano que respeite o resultado do referendo de 2016 que ditou o 'Brexit' e que possa ser aprovado no parlamento a tempo de considerado pelos líderes europeus na próxima semana.
A UE agendou um Conselho Europeu de emergência para 10 de abril para avaliar a situação de decidir o que fazer a seguir, tendo em conta que, atualmente, a data de saída do Reino Unido da UE é 12 de abril.
O objetivo do governo é que a proposta de lei para a saída da UE seja aprovada antes de 22 de maio, evitando assim que o Reino Unido participe das eleições parlamentares europeias de maio.
Lusa