Brexit

Conservadores apelam para que May desista do recurso contra decisão do Supremo

Cinco conservadores influentes, dois deles antigos ministros, apelaram este sábado ao Governo de Theresa May para que desista do recurso contra a decisão do Supremo Tribunal de impor uma consulta ao parlamento antes do início do Brexit.

© Peter Nicholls / Reuters

O apelo surgiu após uma decisão do Supremo Tribunal que autoriza a Escócia e o País de Gales a fazerem parte da audiência que examinará, a partir de 05 de dezembro, o recurso do Governo britânico.

O Tribunal Superior de Londres determinou recentemente que o parlamento britânico deve ser consultado antes de se iniciar o 'Brexit', dando assim hipótese aos deputados de autorizar ou não a ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa (que inicia o processo de saída da União Europeia).

O Governo de Theresa May (que ascendeu ao poder com a demissão de David Cameron na sequência da derrota no referendo do 'Brexit') decidiu recorrer da decisão judicial.

Caso o Supremo determine - seguindo a sentença do Tribunal Superior de Londres - que o parlamento tem mesmo de ser consultado, os deputados poderão votar sobre o assunto ainda antes de março de 2017, prazo apontado por Theresa May para invocar o artigo 50 e iniciar um processo de negociação de dois anos com a União Europeia.

Owen Paterson, pró-Brexit e antigo ministro do Ambiente no primeiro Governo de David Cameron, apelou à primeira-ministra para que se curve perante a decisão do Supremo Tribunal, alegando que a incerteza do resultado do recurso é prejudicial para a economia.

"Não sou advogado e não sou um especialista na matéria, mas eu não apostaria na hipótese de o Governo ganhar" este recurso, afirmou hoje Owen Paterson em declarações à BBC Radio 4, citado pela Agência France Presse.

O antigo ministro partilha a posição de outros três conservadores, defensores na permanência do Reino Unido na União Europeia: o antigo secretário de Estado Oliver Letwin, que esteve à frente da comissão de preparação do 'Brexit' logo após o referendo, o antigo procurador-geral Dominic Grieve e o antigo conselheiro geral Edward Garnier.

Os três argumentaram que o recurso poderia atrasar a ativação do artigo 50. Theresa May já disse várias vezes que irá iniciar o processo até ao final de março.

Em declarações à BBC Radio 4, Oliver Letwin apelou ao Governo para que desista do recurso e apresente "rapidamente um projeto de lei limitado com um calendário específico" no parlamento. Tal evitaria, de acordo com o antigo secretário de Estado, "o risco de o Supremo Tribunal decidir conceder" aos governos regionais da Escócia e do País de Gales "direitos ou mesmo poderes de veto".

Para Dominic Grieve, as hipóteses de o executivo ganhar este recurso são muito baixas, enquanto se apresentar um projeto de lei aos deputados, este será, segundo ele, aprovado.

A opinião é partilhada pelo antigo ministro da Educação Nicky Morgan.

Lusa

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