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Ucrânia: Presidente Ianukovitch não vai rever posição sobre "genocídio" estalinista

Kiev, 25 Fev (Lusa) -- O Presidente da Ucrânia, Victor Ianukovitch, considerou hoje que o Holodomor (Grande Fome) de 1932-1933 foi organizado deliberadamente e constituiu um genocídio.

José Milhazes

Kiev, 25 Fev (Lusa) -- O Presidente da Ucrânia, Victor Ianukovitch, considerou hoje que o Holodomor (Grande Fome) de 1932-1933 foi organizado deliberadamente e constituiu um genocídio.

"Quero repetir que isso foi organizado em relação a muitas pessoas que viviam no campo. Tiraram-lhes sementes, produtos alimentares na Ucrânia, em Kuban, no Cazaquistão e na Bielorrússia. Isso foi realmente um genocídio em relação a essas pessoas. E isso foi feito pelo poder, dirigido por Estaline", afirmou Ianukovitch numa "Conversa direta com o país".

O Holodomor provocou vários milhões de mortos na Ucrânia.

Ianukovitch, considerado mais próximo de Moscovo que o seu antecessor, acrescentou que a Ucrânia não vai rever a sua posição crítica em relação a José Estaline, ditador comunista que dirigiu a União Soviética entre 1921 e 1953.

"A história fez a avaliação de Estaline e claro que a Ucrânia não irá rever a sua atitude negativa face a essa personalidade histórica", frisou.

Em Dezembro de 2010, uma bomba destruiu um monumento a Estaline que os comunistas tinham erigido em Zaparojie, no Leste da Ucrânia, alguns meses antes.

Quanto à sua posição face a figuras controversas da história recente da Ucrânia, Stepan Bandera e Roman Chukhevitch, Ianukovitch considera que "não se deve dar respostas simples a questões complicadas".

Os dirigentes nacionalistas Bandera e Chukhevitch foram acusadas pelas autoridades soviéticas de terem colaborado com as tropas nazis na Ucrânia.

A polícia política soviética (KGB) assassinou Chukhevitch na Ucrânia em 1950 e Bandera em Munique, na Alemanha, a 15 de Outubro de 1959.

Victor Iuschenko, antecessor de Ianukovitch no cargo de Presidente do país, concedeu, a título póstumo, o título de "Herói da Ucrânia" a esses dois dirigentes nacionalistas, mas Ianukovitch retirou-o recentemente.

"É muito importante recordar que não devemos procurar divergências entre a nossa gente. É preciso procurar o que nos une. E que cada um acredite nos heróis que quiser, não proibimos nada. Graças a Deus, vivemos num país democrático.

A "conversa direta com o povo", que foi transmitida pela televisão ucraniana, visava assinalar o primeiro aniversário da tomada de posse de Ianukovitch no cargo de Presidente.





JM

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