Cidade da Praia, 03 fev (Lusa) -- O Programa Millenium Challenge Acount (MCA) financiado pelos Estados Unidos da América tem sido uma das bandeiras da campanha do líder do PAICV e atual primeiro-ministro José Maria Neves, no domínio da cooperação internacional.
Apesar da oposição cabo-verdiana afirmar que o segundo compacto do MCA ainda não está garantido e que Cabo Verde é "apenas considerado elegível", José Maria Neves reafirma que o país vai receber o segundo compacto e que neste momento estão em negociação os projetos a serem financiados.
"Ainda não existe um orçamento para o segundo compacto, mas Cabo Verde já foi considerado elegível e já estamos a negociar com a equipa do MCC (Millennium Challenge Corporation) os programas que farão parte do segundo compacto", disse à Lusa.
Durante a campanha, José Maria Neves tem falado também sobre algumas das prioridades para o segundo compacto que irá privilegiar os setores de água e saneamento básico.
Neste contexto, anunciou o início de um programa de qualificação das cidades cabo-verdianas, criando redes de esgotos e estações de tratamento de águas residuais.
O primeiro compacto do Millennium Challenge Account/Cabo Verde (MCA/CV) foi concluído em outubro do ano passado, cinco anos após o seu início, e teve uma taxa de execução a rondar 100 por cento, segundo o governo cabo-verdiano.
Criado em 2005, com uma verba de 110 milhões de dólares (84,6 milhões de euros), o MCA/CV foi financiado pelo Millennium Challenge Corporation (MCC), entidade norte-americana de ajuda pública ao desenvolvimento.
O primeiro compacto centrou-se no crescimento económico e na redução da pobreza, através do aumento da produção agrícola, da integração do mercado interno e da redução dos custos de transporte, a par do desenvolvimento do setor privado.
Entre os projetos, "todos cumpridos a 100 por cento", figuram ainda o da gestão das bacias hidrográficas e apoio à agricultura, o da construção e reabilitação de infraestruturas rodoviárias e portuárias.
Mas o programa permitiu também maiores facilidades de acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas e empreendedores e apoios para o sistema de governação eletrónica.
No domínio das infraestruturas, foram reabilitadas três estradas (39,3 quilómetros) e construídas quatro pontes rodoviárias. Mas o projeto mais importante foi o Plano de Modernização e de Expansão do Porto da Cidade da Praia, que envolve a construção de um terminal de cargas, um edifício administrativo, uma estrada de acesso e respetiva ligação ao anel rodoviário da capital cabo-verdiana.
No desenvolvimento do setor privado, foi projetada uma "central privada de informações de crédito", com a participação do banco de Cabo Verde, banca comercial e câmaras de comércio, que será liderado por um "provedor de serviços" internacional.
O porto da Praia foi o projeto que absorveu a maior fatia das verbas do primeiro MCA, 49,5 por cento (54,5 milhões de dólares). Os restantes 50,5 por cento foram distribuídos por vários setores e nas diversas ilhas.
Para projetos agrícolas foram destinados 12 milhões de dólares (10,9 por cento) e para a reforma do sistema de gestão financeira do Estado foram dois milhões (1,9 por cento).
As bacias hidrográficas das ilhas do Fogo, São Nicolau e Santo Antão receberam investimentos em torno de 7,3 milhões de dólares. A linha de crédito, no valor de 600 mil dólares, aberta para os agricultores chegou a 209 beneficiários diretos.
Segundo o diretor do MCA Cabo Verde, Medhi Laurent Brito, o primeiro compacto do Millenniun Chellenge Account (MCA) beneficiou de forma direta ou indireta 384 mil pessoas, ou seja 75 por cento da população cabo-verdiana.
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