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Portugal lidera na União Europeia na vacinação contra o vírus HPV

A cobertura vacinal contra o HPV com as doses recomendadas até aos 15 anos atingiu os 91% em Portugal, em 2023. O país foi também o segundo na vacinação contra o sarampo e a hepatite B, indica um estudo da OCDE.

Sara Fevereiro

Portugal foi o país da União Europeia com maior cobertura vacinal contra o vírus do papiloma humano (HPV), indica um estudo da OCDE.

Segundo os dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgados esta segunda-feira, a cobertura vacinal contra o HPV com as doses recomendadas até aos 15 anos atingiu os 91% em Portugal no último ano, sendo o país comunitário com maior percentagem de vacinação e acima da média de 64% da UE.

"Em 2023, em média, 64% das meninas na UE receberam todas as doses recomendadas da vacina contra o HPV até os 15 anos, variando dos 91% em Portugal e os 7% na Bulgária", refere o documento.

Portugal tem a vacina contra o HPV no Plano Nacional de Vacinação para raparigas e rapazes

A vacina contra infeções por HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV).

"Está recomendada para administração aos 10 anos de idade, aplicável para raparigas, num esquema de duas doses (0, 6 meses)", refere a direção-geral da Saúde.

Em outubro de 2020 a vacina foi alargada a rapazes. Assim, a partir do 10 anos de idade são dadas "2 doses da vacina (com intervalos de 6 meses) contra infeções pelo vírus do Papiloma humano de 9 genótipos (HPV9)".

A infeção por HPV pode originar vários tipos cancros como:

  • cancro do colo do útero
  • cancro vaginal
  • cancro anal
  • cancro da vulva
  • cancro orofaríngeo
  • cancro peniano

A vacina contra o HPV só pode prevenir uma infeção, não elimina o vírus do organismo humano depois de contraído. Por isso é que a imunização deve ser dirigida às crianças antes de se tornarem sexualmente ativas.

Cancro do colo do útero é o quarto mais comum entre as mulheres

O cancro do colo do útero é o quarto tipo de cancro mais comum em mulheres em todo o mundo, responsável pela morte de mais de 300 mil todos os anos.

Quase nove em cada dez mortes ocorrem em países em desenvolvimento, onde há pouco acesso à despistagem da doença. .

A Organização Mundial de Saúde pretende a erradicação do cancro do colo do útero, tendo para tal um plano de vacinação a que mais de 100 países aderiram.

Outros números

O estudo da OCDE - segundo indica a agência Lusa - revela ainda que nesse ano, 88% das crianças na UE receberam as duas doses da vacina contra o sarampo e apenas a Hungria e Portugal atingiram a cobertura recomendada de 95% para a proteção populacional contra surtos da doença.

Já em relação à hepatite B, a OCDE alerta que a maioria dos países não atingiu a cobertura recomendada de 95% com três doses da vacina, mas Portugal integrou o grupo de países que ultrapassaram mesmo essa meta.

A nível europeu, o relatório "Health at a Glance" refere que, em 2021, quase um quarto das mortes (1,26 milhões) na União Europeia (UE) foram consideradas evitáveis, das quais 860 mil através de uma prevenção primária eficaz e de outras medidas de saúde pública.

Em 2021, as quatro principais causas de mortalidade evitável — covid-19, cancro do pulmão, doenças cardíacas isquémicas e mortes relacionadas com o álcool — foram responsáveis por mais de metade (56%) de todas as mortes evitáveis na UE.

Outras causas importantes de mortalidade evitável foram os acidentes vasculares cerebrais, a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e o suicídio.

No global, em 2021, quase 5,3 milhões de pessoas morreram nos países da UE, mais 100 mil óbitos do que em 2020 e mais de 600 mil do que em 2019, principalmente devido à pandemia da covid-19.

Apesar de um revés temporário durante a pandemia, a expectativa de vida ao nascer na UE aumentou em mais de quatro anos desde 2000, para atingir 81,5 anos em 2023, e a expectativa de vida quando as pessoas atingem 65 anos nunca foi tão alta, agora ultrapassando 20 anos, salienta ainda o relatório.

O estudo refere também que, nos 19 países da UE com dados disponíveis, mais de metade dos entrevistados expressou confiança na capacidade dos seus governos de protegerem a população no caso de uma emergência de saúde em larga escala, enquanto 31% acreditam que não seriam capazes.

De acordo com a OCDE, a confiança pública na capacidade de gestão de crises das instituições governamentais foi maior na Finlândia (82%), Holanda (68%) e Dinamarca (66%), mas Portugal está entre os países onde essa confiança é menor (33%).

"Essas grandes diferenças nos níveis de confiança podem ser atribuídas a vários fatores, incluindo o desempenho histórico na gestão de crises, a força dos sistemas de bem-estar social, a satisfação com os principais serviços públicos, avaliações dos recursos de um país e predisposição cultural para confiar nas instituições em geral", explica a OCDE.

Já em relação aos médicos, a OCDE reitera que em países como Portugal, Eslovénia e Suécia, a sua remuneração caiu ligeiramente em termos reais entre 2012 e 2022, uma vez que a taxa de inflação aumentou mais rapidamente do que os ganhos nominais de rendimento.

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