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Inteligência artificial pode ajudar no rastreio e tratamento de alguns tipos de cancro

No caso do cancro da mama, a nova tecnologia pode conseguir fazer o diagnóstico dois anos mais cedo.

Ricardo Venâncio

Marta Tuna

Paulo Fajardo

Não escolhe idades, estratos sociais ou géneros. Todos os anos são diagnosticados mais de 20 milhões novos casos de cancro no mundo, um número que a OMS estima que aumente em 77% até 2050.

Um dos maiores desafios para o combate à doença é encontrar o cancro, mesmo quando ainda silencioso e invisível. Aí entra a tecnologia, onde a inteligência artificial se tem destacado com um dos principais aliados dos profissionais de saúde.

Exemplo disso é o novo equipamento de rastreio do cancro da mama desenvolvido pela Liga Portuguesa contra o cancro e pela FUJIFILM que tem como principal objetivo o diagnóstico preciso e precoce com diferenças mesmo antes do exame começar.

"Num pré-exame o equipamento consegue fazer uma pesquisa de exames anteriores, consegue fazer a análise da morfologia da mama e projetar no próprio detetor a mama para que a técnica quando vai posicionar a paciente neste novo exame consiga fazer um posicionamento muito similar ao exame anterior. Porquê? Porque no rastreio do cancro da mama estamos sempre a falar em exames comparativos, portanto quanto mais próximos estes exames tiverem, mais simples e com maior equidade o médico conseguirá fazer este diagnóstico, explica Daniela Ramos, diretora de produto de radiologia da Fujifilm.

Também depois do exame a inteligência artificial tem um papel preponderante na precisão dos resultados.

Neste processo os radiologistas não são eliminados da equação, muito pelo contrario. Se para muitos há medos sobre a possibilidade da inteligência artificial ir substituir profissionais, este e outros equipamento que incluem inteligência artificial mostram que o combate ao cancro e um esforço conjunto entre profissionais e a tecnologia.

Resultados preliminares de um estudo sueco mostram que só no cancro da mama, a inteligência artificial pode detetar mais de 20% dos casos, além do conhecimento mais aproximado dos números reais, a tecnologia permite antecipar o diagnostico, a chave para o sucesso dos tratamentos.

"Estamos esperançados que isso nos permita antecipar dois anos o diagnóstico, sem esquecer que estamos sempre a falar de lesões muito, muito pequenas, portanto, já há indicadores indiretos que pode haver alguma coisa. Vai aumentar os falsos positivos de certeza, mas esperemos que vá diminuir os falsos negativos que é aquilo que na realidade nos interessa", explica Vítor Rodrigues, presidente do núcleo regional centro da Liga Portuguesa contra o cancro.

Do diagnóstico, aos tratamentos mais personalizados e melhorias na qualidade de vida, a inteligência artificial tem dado cartas um pouco por todo mundo no que toca ao combate da doença oncológica. Só nos Estados Unidos foram aprovados cerca de 520 algoritmos no ano passado para uso médico.

Do lado dos doentes, apesar das dúvidas e receios, dados da Global Data mostra que a maioria dos pacientes já está confortável com o uso de inteligência artificial nos cuidados médicos.

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