Sabe-se que o cancro afeta de forma muito diferente homens e mulheres. Não obstante, a maior parte das decisões que são tomadas não têm este fator em conta.
Os dados do estudo recente intitulado Women, power, and cancer denunciam que 1.5 milhões de mortes poderiam ter sido evitadas com a existência de mais rastreios, sendo que 800 mil teriam sido evitadas se o acesso e o acompanhamento das doentes tivesse sido adequado.
Segundo o estudo, há alguns cancros para os quais as mulheres são diagnosticadas em fase mais avançada da doença do que os homens, mostrando que o cancro deve ser encarado como prioritário no que à saúde das mulheres diz respeito.
Os especialistas envolvidos neste trabalho enfatizam que é preciso combater as desigualdades de género que estão na origem da mortalidade prematura de muitas mulheres.
185
países - com graus de desenvolvimento bastante distintos - participaram no estudo
A comissão responsável pela produção do relatório propõe um conjunto de 10 ações, com a recomendação geral de que o sexo e o género sejam incluídos em todas as políticas e orientações relacionadas com o cancro.
“Esta comissão foi criada para investigar a intersecção entre as desigualdades sociais, o estatuto da mulher na sociedade e o cancro”, explica por e-mail, ao El País, a investigadora em Sistemas de Saúde do Instituto Nacional do Cancro do México, Karla Unger.
A autora do estudo acrescenta ainda que “quem está no poder decide o que é priorizado, financiado e estudado”, referindo-se um setor altamente masculinizado. Embora reconheça os avanços recentes, denuncia que as mulheres com cancro continuam a sofrer “várias formas de discriminação” que devem ser erradicadas.