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Portugal desenha novo plano para combater cancro com aposta forte na prevenção

Reduzir a incidência de cancros potencialmente evitáveis, melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes e apoiar os sobreviventes, sem esquecer os cuidadores, são os principais objetivos da Estratégia Nacional de Luta contra o Cancro para 2021-2030, que se encontra já em consulta pública

José Fernandes

Sara Fevereiro

O cancro afirma-se como uma das principais prioridades para os próximos anos na União Europeia e Portugal não pode ser exceção. Por isso mesmo, a DGS desenhou um novo plano - que recebeu contributos de vários organismos - alinhado com as diretrizes europeias, de forma a dar resposta às necessidades que têm surgido na área do cancro.

Colocando o cidadão no centro, a proposta concretiza os objetivos específicos em função de quatro pilares de ação estratégica: o Pilar da Prevenção, o Pilar da Deteção Precoce; o Pilar do Diagnóstico e Tratamento e o Pilar dos Sobreviventes.

Sendo que 40% dos cancros são evitáveis, apostar na prevenção primária é fulcral. Desta maneira, no âmbito da prevenção, pretende-se, entre outros aspetos, mitigar o risco de exposição ao tabaco ou ao álcool e promover estilos de vida mais saudáveis. Em relação ao tabaco, a DGS pretende proibir a sua venda a menores de 21 anos, aumentar o preço do produto em questão e regular os ingredientes presentes.

Nos homens, o documento exemplifica que a eliminação da exposição ao fumo do tabaco, permitiria alcançar uma redução de 81% no cancro do pulmão, 75% no da laringe, 51% no do esófago e 50% no cancro da cavidade oral e faringe.

No caso das mulheres, a eliminação da exposição ao tabaco possibilitaria alcançar uma redução de 62% no cancro da laringe e 58% no do pulmão, e consumir mais fruta permitiria uma redução de 42% no cancro da cavidade oral.

Relativamente ao álcool, o objetivo é reduzir a prevalência de abuso e dependência. Em cima da mesa estão também propostas para aumentar os impostos e restringir o marketing e a publicidade às bebidas alcoólicas. "O não promover é diferente de proibir", lembra José Dinis, diretor do Plano Nacional para as Doenças Oncológicas.

Quanto à deteção precoce, além do reforço dos rastreios existentes, prevê-se a realização de estudos de impacto, campanhas e a avaliação de novos programas de rastreio, bem como um olhar especial sobre o cancro hereditário.

Já no âmbito do diagnóstico e do tratamento, prevê-se que as respostas sejam melhoradas através de uma rede de referenciação em oncologia, com unidades certificadas e métricas de desempenho no diagnóstico e estadiamento dos cancros com maior mortalidade, sem esquecer o reforço na investigação, nomeadamente nos ensaios clínicos.

Por último, no pilar dos sobreviventes, pretende-se implementar medidas que protejam doentes e sobreviventes, investindo na qualidade dos cuidados, na equidade no acesso e na investigação.

"Este plano cumpre a problemática da oncologia de A a Z", garante à SIC José Dinis, diretor do Plano Nacional para as Doenças Oncológicas.

As doenças oncológicas representam, em Portugal, e desde 2015, a primeira causa de mortalidade (responsáveis por cerca de 25% dos óbitos em 2019) e a principal causa de anos de vida potencialmente perdidos, ajustados para a morbilidade.

"Na análise da evolução das taxas de mortalidade padronizada, verifica-se que as doenças oncológicas são, desde 2015, a principal causa de morte, ultrapassando as doenças cardiovasculares”, lê-se no documento.

As propostas que fazem parte da Estratégia Nacional de Luta contra o Cancro ainda não foram aprovadas, estando em discussão pública até ao fim do mês.

Pode participar na consulta pública AQUI.

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