Existe uma relação entre a obesidade e pelo menos 13 tipos de cancro, incluindo dois dos que têm mais incidência: o cancro da mama e o cancro colorretal, assim como doenças cardiovasculares - a primeira causa de morte em todo o mundo.
O tipo mais prejudicial de obesidade é causado pela acumulação excessiva da chamada gordura "profunda". Ao contrário dos depósitos de gordura localizados diretamente sob a pele, os depósitos de gordura “profunda” ou visceral encontram-se dentro da cavidade abdominal, envolvendo órgãos vitais. Em quantidades normais, a gordura visceral é útil para o desempenho de várias funções fundamentais, como a reprodução, mas em excesso pode ser prejudicial. “O excesso de gordura visceral para além de muito perigoso é também muito difícil de eliminar”, explica Henrique Veiga-Fernandes, investigador principal e codiretor da Champalimaud Research, em Portugal.
O trabalho de exploração da equipa provou ser um êxito. Os resultados do estudo (clique AQUI para aceder ao estudo), realizado em ratinhos e publicado a 18 de Agosto, na revista Nature, apresentam aquele que é o primeiro processo neuroimune conhecido, através do qual sinais cerebrais comandam a função imunológica nos depósitos de gordura visceral.
“Neste projeto, a nossa equipa propôs-se a explorar os mecanismos que o reduzem naturalmente, na expectativa de descobrir potenciais aplicações clínicas”, refere Henrique Veiga-Fernandes.
Esta descoberta oferece novas abordagens ao combate à obesidade e às doenças a ela associadas.
Veja o comunicado completo, publicado pela Fundação Champalimaud, AQUI.
Obesidade e cancro
A obesidade é considerada uma doença crónica, na qual o “excesso de gordura corporal acumulado pode afetar a saúde”. Pode ser motivada pelo sedentarismo, uma alimentação inadequadaou fatores genéticos.
Os riscos da obesidade para a saúde são vários: desde doenças crónicas, como a hipertensão, diabetes tipo 2 ou níveis anómalos de lípidos no sangue (dislipidemia), à correlação com alguns tipos de cancro.
O cancro é uma das principais causas de morte no mundo, enquanto a prevalência da obesidade mais do que duplicou nos últimos 40 anos, prevendo-se que venha a aumentar ainda mais no futuro. O nosso país é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) cuja taxa de obesidade é das mais elevadas.