Tecnologia

Na Europa mais euros compram menos iPhone 17

Todos os anos digo que não se pode esperar uma revolução todos os anos. O facto é que passámos de momentos de grande salto tecnológico, alguns deles imortalizados nas famosas apresentações de Steve Jobs, para evoluções de alguma forma expectáveis.

Godofredo A. Vásquez

Lourenço Medeiros

Os filmes de Tim Cook têm os mesmos efeitos, melhorados, todos os anos. Mas se olharmos para trás, essas evoluções expectáveis transformam-se numa revolução em curso.

Não vou repetir os dados dos pixels e megabytes, ou a desilusão de alguns por ainda não ser desta vez que a Apple tem um telefone dobrável. Desde o dia 9 que é tema obrigatório nos autores ligados à tecnologia e ninguém em Portugal sentiu ainda a espessura do novo iPhone AIR (5,6mm).

A notícia com os novos telefones está aqui, pode voltar cá no fim…

Há dois assuntos que me interessam mais, as pequenas evoluções e a Apple a duas velocidades. Nos Estados Unidos a empresa avança com novas funcionalidades, na Europa ficamos à espera, sem prazos. Já lá vou.

Tenho vontade de testar os novos Airpods Pro 3, gosto muito de auscultadores e auriculares sem fios, entre outras razões porque tenho dificuldades sérias com o trabalho em open space que é o meu normal.

A qualidade do cancelamento de ruído é inquestionável, mas há outros tão bons ou até melhores. Onde os Airpods Pro 2 (os atuais) se distinguem verdadeiramente é no conforto, na sensação de espaço e sobretudo na transparência, e prometem melhorar tudo isto. Mas já sei que não vou ter a prometida tradução simultânea em português europeu.

A Apple promete fazer bem o que muitos já dizem que fazem mas falham, conversas quase naturais entre duas pessoas em que cada uma usa o seu idioma. No caso da Europa, já anda aí o aviso de que não é para nós, sem grandes explicações. Provavelmente é mais uma vez a questão dos nossos regulamentos de privacidade, a Apple não quer introduzir funcionalidades que lhe podem custar uma fatia significativa dos chorudos lucros.

Nas pequenas evoluções, os Airpods vêm com medição do ritmo cardíaco no ouvido, à partida útil para quem faz exercício, mas parece-me que pode ser o início de muitas coisas. É especulação, mas prevejo novos sensores em que não precisamos sequer de pulseiras, relógios ou aneis, basta estar a ouvir música, registar a nossa atividade e estado de saúde.

A Apple parece ter desistido, como outras marcas, de nos dar a medição da tensão arterial óptica no pulso. Optou por uma aproximação: os novos relógios podem avisar o utilizador se os sensores acusarem hipertensão, mas sem valores exactos.

A Huawei, para já, é a única que conheço que optou por outro caminho, em vez de tentar a leitura óptica colocou uma almofada discreta na pulseira que se enche de ar e mede, no pulso, a tensão arterial como os aparelhos tradicionais fazem no braço.

Com a nova geração de telefones a Apple vai matar o SIM físico, os chips que nos garantiam a ligação à rede e passar a usar apenas eSim a versão por software da mesma funcionalidade. É muito mais prático, não termos de ir a uma loja física para mudar de operador ou de número de telefone.

Não consigo deixar de pensar que é mais um fim de uma indústria de razoável tamanho, vão fechar fábricas com todas as consequências que daí vêm, mas é muito mais ecológica a nova versão, mais barata, e não ocupa espaço, por isso em breve os SIM físicos serão uma memória distante.

Na apresentação do dia 9, pouco se falou de inteligência artificial porque do pouco que a marca lá vai mostrando boa parte são funcionalidades do Android. Pequenos truques de edição, a borracha mágica e por aí fora, são feitos mesmo sob licença.

Os novos processadores vêm com mais capacidades para IA, mas, para já, essas capacidade serão usadas nas aplicações Gemini da Google ou na Perplexity e até no CoPilot da Microsoft. Não por sistemas integrados da própria Apple. A diferença está na capacidade de fazer verdadeiros assistentes capazes de, num iPhone, ajudar a gerir a nossa agenda ou as nossas comunicações.

Eu apostaria que isto acabará por ser feito por um dos sistema de IA de outras empresas ao qual será dado acesso ao software da Apple, coisa para fazer Steve Jobs dar voltas…

A minha desilusão passa pela injustiça crescente de, com os mesmos produtos, os clientes europeus pagarem muito mais e terem muito menos funcionalidades. Não vou entrar em julgamentos em relação aos regulamentos europeus, mas constatar a desigualdade.

O mais caro dos novos iPhones 17 o Pro Max com 2 Tb de capacidade (ninguém precisa disto se usar a cloud) vai custar por cá 2500 euros, já sei que pagamos mais impostos mas mesmo assim o mesmo aparelho comprado nos Estados Unidos custa o equivalente a 1700 euros.

Isto, junto com o facto de o pouco que a Apple já usa de IA própria, incluindo a tradução, não funcionar em português europeu, não pode deixar nenhum cliente satisfeito. Dir-se-ia que, afinal, podem não ser os americanos a pagar as tarifas de Trump.


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