Saúde e Bem-estar

Cientistas alertam para riscos de mosquito do dengue em Portugal

Há cada vez mais mosquitos da espécie Aedes albopictus (transmissor de vírus que causam doenças infecciosas como dengue) nos distritos de Lisboa e Faro.

seeer / Imazins

Lusa

Investigadores do Laboratório Associado Terra alertaram esta segunda-feira para os riscos para a saúde pública da presença em Portugal do mosquito 'Aedes albopictus', que pode transmitir doenças virais como a dengue, a chikungunya e a Zika.

"A simples presença destes mosquitos aumenta o risco para surtos destas doenças com implicação direta na saúde pública", afirma o cientista Hugo Osório, do Laboratório Associado Terra, ligado às Universidades de Lisboa e Coimbra, citado numa notícia no 'site' do Terra.

Os mosquitos invasores daquela espécie transmitem os vírus daquelas doenças se estiverem infetados e o aumento da sua presença em Portugal, sobretudo nas regiões de Faro e Lisboa, tem levantado preocupações.

Hugo Osório, também ligado ao Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), explica na notícia divulgada hoje que a espécie 'Aedes albopictus' tem uma grande capacidade de adaptação, o que facilita a sua disseminação, especialmente em áreas urbanas como as de Lisboa e Faro, onde as condições ecológicas e os fatores climáticos favorecem o seu estabelecimento e aumento das populações.

Já César Capinha, também membro do laboratório e investigador do Centro de Estudos Geográficos CEG), salienta que o estabelecimento do 'Aedes albopictus' no país e a sua "provável expansão futura para outras áreas urbanas (...) era previsível", tendo em conta "as condições climáticas favoráveis e (...) dispersão acidental associada à movimentação de transportes e mercadorias".

Para minimizar a sua proliferação, este investigador considera crucial tomar medidas como "evitar a acumulação de água em recipientes que possam servir de criadouros", bem como "reforçar a fiscalização para impedir a introdução de espécies invasoras e intensificar os esforços na redução das emissões de gases com efeito de estufa", que considera um dos principais fatores que impulsionam atualmente a redistribuição de espécies.

Segundo Hugo Osório, "a ciência desempenha um papel fundamental na mitigação do impacto dos mosquitos e das doenças transmitidas, nomeadamente pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras de vigilância e controlo, como sensores que classifiquem automaticamente os mosquitos em armadilhas de campo, controlo genético de vetores e no desenvolvimento de vacinas".

O investigador considera igualmente que a "ciência cidadã" também pode ser uma "ferramenta valiosa", ao permitir acompanhar a expansão dos mosquitos, contribuindo para a avaliação de risco e antecipação de possíveis surtos das doenças que transmitem.

Com a aplicação Mosquito Alert, exemplificou, qualquer pessoa pode fotografar um mosquito e enviar a imagem. A informação é analisada por especialistas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que identificam a espécie e confirmam a localização, devolvendo o resultado.

O Laboratório Associado Terra reúne mais de 450 cientistas de cinco unidades de investigação das Universidades de Lisboa e Coimbra.

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