Saúde e Bem-estar

O que já se sabe sobre o vírus Oropouche, a “febre da preguiça”?

Chegou à Europa este verão, através de casos 'importados', e provoca sintomas semelhantes aos do Dengue e do Zika. No Brasil já fez mortes e apenas cinco estados ainda não registaram casos. O risco de transmissão na América Central e do Sul é "moderado" e já há conselhos para os viajantes.

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Carolina Botelho Pinto

O vírus Oropouche, também conhecido como “a febre da preguiça”, foi detetado na Europa pela primeira vez este verão. A transmissão para humanos acontece, no entanto, através da picada de mosquitos que não se encontram na Europa, e, por isso, o risco de transmissão é baixo. Ainda assim, as autoridades estão a alertar os viajantes.

O risco aumenta para cidadãos que viajem ou residam em determinadas zonas da América Central e do Sul e nas Caraíbas, locais onde estão a ser registados surtos. No Brasil, por exemplo, apenas cinco estados ainda não registaram casos e a doença já provocou três mortes - duas jovens de 21 e 24 anos e um feto com 30 semanas, na barriga da mãe.

Na Europa, entre junho e julho, foram detetados 19 casos de Oropouche: 12 em Espanha, cinco em Itália e dois na Alemanha. Destes, a maioria tinha estado em Cuba e um no Brasil.

Como se transmite este vírus?

O vírus Oropouche tem origem em animais como a preguiça - daí também ser conhecido como “febre da preguiça” - e é transmitido aos humanos sobretudo através da picada do mosquito 'Culicoides paraensis', que não está presente na Europa.

Pode ser transmitido também por outras espécies de mosquitos, mas, até à data, não há qualquer evidência de que aquelas que existem na Europa possam ser vetores.

Sobre o contágio entre humanos, não há qualquer registo de transmissão direta até ao momento, à exceção de seis casos suspeitos no Brasil de transmissão entre mãe e feto durante a gravidez. No entanto, este tipo de transmissão, o seu risco e efeitos ainda estão a ser investigados e não foram confirmados.

Que sintomas provoca?

O vírus Oropouche provoca sintomas semelhantes aos do Dengue ou Zika, como febre, dor de cabeça, náuseas, vómitos, dores musculares e articulares. Desenvolvem-se, habitualmente, entre três a 10 dias depois da picada e duram entre três e seis dias.

A maioria das pessoas infetadas recupera sem efeitos a longo prazo, mas, ocasionalmente, há infeções que desenvolvem sintomas neurológicos mais graves, e que podem mesmo provocar doenças como meningite ou encefalite.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) sublinha, no entanto, que esses casos são "extremamente raros".

Até ao momento não existe qualquer vacina de prevenção ou medicamentos específicos para o tratamento desta doença.

As recomendações para viajantes

A probabilidade de infeção é atualmente considerada como "moderada" na América do Sul e Central.

Por isso, se viajar para uma zona endémica, o ECDC recomenda o uso de repelente, roupas que tapem os braços e pernas e ainda, nos momentos de repouso, o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida.

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