Saúde e Bem-estar

Análise ao sangue deteta Alzheimer antes da doença se manifestar

Novos testes são mais rápidos, mais precisos e menos invasivos, permitindo a identificação de pacientes de Alzheimer mais cedo, ainda sem declínio cognitivo.

Catarina Solano de Almeida

Ana Isabel Pinto

Os resultados de novas investigações permitem afirmar que análises ao sangue altamente precisas vão revolucionar os diagnósticos da doença de Alzheimer e antecipar e facilitar o acesso a tratamentos. As pesquisas foram apresentadas na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) 2024, a decorrer em Filadélfia.

Os testes sanguíneos mais promissores avaliam a proteína tau, um biomarcador que pode aparecer antes dos sinais de declínio cognitivo. O aumento de p-tau217 ao longo do tempo está relacionado com a deterioração cognitiva e atrofia cerebral. Esta análise também deteta a presença de placas amiloides no cérebro, outro biomarcador do Alzheimer.

"As análises ao sangue, uma vez confirmada a precisão superior a 90% em grandes populações e tornando-as amplamente disponíveis, são promissores para melhorar o processo de recrutamento para ensaios clínicos e a investigação da doença de Alzheimer. Embora neste momento os médicos dos cuidados primários e secundários devam utilizar uma combinação de testes cognitivos e sanguíneos ou de outros biomarcadores para diagnosticar a doença de Alzheimer, os testes sanguíneos têm o potencial de aumentar a precisão dos diagnósticos precoces e maximizar a oportunidade de acesso aos tratamentos de Alzheimer o mais cedo possível", disse Maria C. Carrillo, da Associação Americana de Alzheimer, citada pela AP.

A Associação de Alzheimer está a preparar diretrizes para o uso de biomarcadores sanguíneos na prática clínica, que serão apresentadas na AAIC 2024.

Análises ao sangue superam diagnósticos tradicionais

O estudo apresentado na AAIC 2024 revela que as análises ao sangue podem diagnosticar Alzheimer com mais precisão do que os métodos tradicionais.

O teste PrecivityAD2, que combina p-tau217 e dois tipos de amiloide (Aβ42/Aβ40), superou significativamente os diagnósticos tradicionais, no estudo que envolveu 1231 doentes e foi publicado Journal of the American Medical Association. Os investigadores destacaram que o teste foi altamente preciso mesmo em pacientes com outras condições médicas, como doenças renais.

“Vemos isto como um passo importante para a implementação clínica global de um teste sanguíneo para a doença de Alzheimer", disse o investigador principal Oskar Hansson, da Universidade de Lund.

Reduzir tempos de espera para diagnóstico e tratamentos

O uso de análises ao sangue em cuidados primários pode identificar pacientes de Alzheimer mais cedo, sem declínio cognitivo, permitindo que os especialistas determinem mais rapidamente a elegibilidade para novos tratamentos ou para participação em ensaios clínicos.

Além disso, estes testes podem reduzir a necessidade de punções lombares e PET scans para diagnóstico de Alzheimer até 90%.

"Os nossos resultados sugerem que o uso de análises ao sangue para identificar candidatos a tratamentos pode fazer uma diferença significativa no tratamento precoce do Alzheimer", disse Soeren Mattke, da Universidade do Sul da Califórnia.

O que é a doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é um tipo de demência - um termo abrangente, que remete para perturbações cerebrais com vários tipos de doença, sendo a de Alzheimer a mais comum.

Os sintomas da demência incluem perda de memória, comportamentos disruptivos, dificuldades em tomar decisões e desempenhar atividades, alterações de personalidade e desorientação. Trata-se essencialmente de uma diminuição lenta e progressiva da função mental, que afeta a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade de aprender.

Características moleculares clássicas da doença de Alzheimer:

A doença de Alzheimer começa quando as placas da proteína beta-amiloide começam a acumular-se no cérebro. Após anos de acumulação da amiloide, uma outra proteína cerebral, chamada Tau, começa a formar emaranhados que são tóxicos para os neurónios.

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