A ministra da Saúde regressa esta quarta-feira ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre o funcionamento das urgências. Segundo Tiago Correia, comentador SIC, a ministra "chega a esta audição com algumas conquistas, mas também com algumas derrotas e com bastantes dúvidas".
"As últimas conquistas datam da semana passada, ou seja, a capacidade que a ministra teve para trazer os sindicatos dos médicos e dos enfermeiros para acordar o protocolo de negociação para os próximos meses. Isto, na prática, significa que o Governo e os sindicatos irão estar a dialogar e acordaram as matérias que irão ser negociadas", começou por explicar o comentador.
"A principal derrota, a meu ver, tem a ver com a questão das horas extraordinárias", acrescentou.
"Também na semana passada, o Governo aprovou, segundo a opinião dos sindicatos, de uma forma unilateral aquilo que é o novo modo de pagamento das horas extraordinárias (…) e os médicos disseram que irão fazer um boicote ao trabalho extraordinário suplementar, ou seja, voluntário, além daquilo a que são obrigados. E isso num período de férias, é bastante crítico", explicou.
Segundo o comentador se isso acontecer "o Governo e a Ministra serão responsabilizados", porque "aquilo que neste momento são as regras de pagamento das horas extraordinárias foi uma decisão que os sindicatos consideram que foi tomada de uma forma unilateral e penso que o Governo não tem forma de não ser responsabilizado".
Durante a sua análise, Tiago Correia sublinhou ainda que as duas dúvidas que a ministra vai precisar de responder “têm a ver com a situação no INEM, nomeadamente o pedido de demissão do anterior Presidente (…) e também com a questão do funcionamento das urgências”
De acordo com o comentador, a ministra irá ter de explicar se "as medidas do Governo para o funcionamento das urgências no período do Verão e nomeadamente o papel da nova direção executiva do Serviço Nacional de Saúde" estão ou não a funcionar e quais estão a ser os resultados alcançados.
Garantindo que "o problema na saúde é um problema estrutural Internacional", o comentador diz que seria essencial em Portugal "medidas estruturais" como "uma revisão das carreiras" de todos os profissionais de saúde.
"O Serviço Nacional de Saúde precisa que estes profissionais não saiam, não queiram sair, quer para a imigração, quer para o setor privado e, sobretudo, criar mecanismos legais que permita distribuir os profissionais no território, nos serviços que são necessários".