Saúde e Bem-estar

Anemia: má nutrição e subdiagnóstico podem explicar elevada percentagem em Portugal

Assinala-se no domingo o Dia Nacional da Anemia, condição clínica que afeta 20 por cento da população adulta. "Um em cada cinco portugueses sofre de anemia e este é um número muito grande, refere João Mairos, presidente do Anemia Working Group Portugal, em entrevista na SIC Notícias.

SIC Notícias

Estima-se que 20 por cento da população adulta portuguesa sofra de anemia, um problema que tratado pode prevenir milhares de transfusões de sangue todos os anos. Em vésperas do Dia Nacional da Anemia, que se assinala no domingo. João Mairos, presidente do Anemia Working Group Portugal (AWGP), considera na SIC Notícias que um subdiagnóstico e uma má nutrição global podem explicar a elevada percentagem de pessoas com anemia em Portugal.

"Um em cada cinco portugueses sofre de anemia e este é um número muito grande, a OMS antes de 2013, fazia projeções de 15% e a AWG publicou um estudo nacional que detetou que são 20% da população portuguesa.


É difícil nós entendermos bem o problema, de qualquer forma há um subdiagnóstico e há, provavelmente, uma má nutrição global dos portugueses. Penso que as duas coisas estão associadas e estarão na origem dos números elevados", refere João Mairos.

"Sangue da própria pessoa é o mais importante"

Quanto ao problema de falta de sangue nos hospitais portugueses e a consequente necessidade de reduzir o número de transfusões, questão que no caso das pessoas com anemia pode ser evitável se houver um tratamento correto, o presidente do AWGP diz que “a situação das transfusões tem a ver com com um conceito que é o PBM - Patient Blood Management - que refere que o sangue da própria pessoa é o mais importante, é o mais valorizado”.

“Não é substituir as transfusões, não é reduzir a importância das transfusões porque elas continuam a existir e continuam a ser necessárias, mas podemos fazer com que não venham a ser necessárias”.

João Mairos explica que o PBM é um conceito multidisciplinar e que a comunicação entre os vários elementos do sistema não existe: “Os médicos, os cirurgiões, não estão tão sensibilizados para isto e, portanto, é necessário haver uma coordenação de esforços no sentido de todos contribuírem para que não seja necessário fazer a transfusão”.

Plano nacional poderia ajudar a diminuir casos de anemia

O presidente do AWGP defende que devia haver um plano nacional centrado na Direção-Geral de Saúde, como existe para outras situações clínicas.

“Existem estudos piloto, vários hospitais, os IPO, hospitais no norte, no centro e no Sul, mas não estão interligados, esta interligação penso que era útil, tanto mais que o PBM começa na Medicina Geral e Familiar e, portanto, tenho a perceção de que os médicos de Medicina Geral não estão sensibilizados e tenho a perceção que os cirurgiões não estão sensibilizados”, sublinha João Mairos.

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