No âmbito do projeto que o Expresso está a desenvolver sobre longevidade, vamos conhecer o caso de um médico de 70 anos que quer ser um exemplo para a população mais idosa.
“O exercício físico é o único antagonista fisiológico do envelhecimento. Se formos ver os efeitos dos exercícios em cada um dos nossos órgãos, vemos que o exercício faz o contrário da velhice. Por isso é importante para todos, principalmente para os mais velhos”, garante o professor e presidente da Ordem dos Médicos do Centro, Manuel Veríssimo.
A mensagem vai para 24% da população portuguesa já com 65 anos ou mais, a quem o médico internista recomenda exercício, equilíbrio na alimentação e no modo de vida. Manuel reforça a importância da atividade social, lembrando que “a reforma não significa que a nossa missão está acabada”.
Na teoria e na prática, o especialista, que fez doutoramento em geriatria e abriu a consulta da área nos Hospitais de Coimbra, tem esta visão holística de como devem ser avaliados os índices de bem estar na velhice.
Qual o segredo das pessoas com mais de 100 anos?
"Há alguns parâmetros comuns. São pessoas que têm algum cuidado com alimentação, fazem atividade física regular, têm boa inserção social e são pessoas positivas e com objetivos para o futuro", conta Manuel Veríssimo.
E objetivos não faltam ao médico que este ano assumiu a liderança da Ordem dos Médicos da região Centro. Inspirado pelo colega Fernando do Vale, de Coja, que parece eternizar-se dentro do retrato.
"[Fernando] faleceu aos 105 anos e manteve-se ativo e participativo até os últimos dias da vida dele. O ideal é que duremos muito e que conseguimos estar ativo até a hora da morte"
Instituto referência “na Europa e no Mundo”
Seguindo os bons exemplos e as boas práticas, Manuel Veríssimo diz-se empenhado em fazer da geriatria uma verdadeira especialidade e até por isso, acompanha de muito perto o nascimento do futuro Instituto de investigação do Envelhecimento em Coimbra.
"Espera-se que seja uma referência na Europa e no Mundo. A área do envelhecimento tem cada vez mais importância", analisa o médico.
E não admira por isso que ainda agora, mesmo jubilado, faça o caminho da Faculdade de Medicina onde em 1986 começou por ser professor assistente. Também ali tem percebido que o envelhecimento ativo ainda tem muito caminho para andar.
“Um desafio fundamentalmente ao próprio”
"O envelhecimento ativo e saudável é o que nos vai fazer chegar a velho com boas capacidades funcionais. (...) Esse investimento é da sociedade, do Estado também, em proporcionar as condições para as pessoas envelhecerem bem, mas é um desafio fundamentalmente ao próprio, que se tem de controlar ao longo de toda a vida", exclama Manuel Veríssimo.
A base estatística da Pordata revelou que já em 2022 Portugal era o segundo país da União Europeia com maior proporção de idosos.