O transplante realizou-se em fevereiro, mas só esta semana foi anunciado pelo chefe do Serviço de Cirurgia Torácica e Transplante Pulmonar do Hospital Universitário Vall d'Hebron, Albert Jauregui.
O paciente que foi transplantado, Xavier Llobet Ordóñez, esteve também na conferência de imprensa e garantiu que não teve dores desde que recuperou a consciência.
O cirurgião explicou que a forma tradicional de transplantar um pulmão obriga a uma abertura do tórax horizontal, de um lado ao outro do peito do doente, ou entre costelas, além de ser necessário mexer nas próprias costelas, para abrir espaço suficiente para os médicos trabalharem, o que provoca dores muito fortes no pós-operatório.
Xavier está a recuperar bem e já teve alta hospitalar para ter uma nova vida.
Um transplante de pulmão sem abrir o tórax
O transplante de Xavier, totalmente robótico, não tocou nas costelas ou outros ossos, pelo que Xavier não sentiu dores, explicou o médico. Ao ser uma cirurgia "minimamente invasiva", a recuperação geral está a ser também mais rápida, além de se terem reduzido os riscos de complicações após o transplante, acrescentou.
O transplante foi feito com recurso a uma tecnologia em que deixa de ser necessário abrir o tórax e separar ou mover as costelas para chegar ao órgão doente, bastando um corte pequeno por debaixo do osso esterno e a partir daí introduzir uma câmara e os instrumentos necessários para a cirurgia.
O desafio, disse o chefe do Serviço de Cirurgia Torácica e Transplante Pulmonar do Hospital Universitário Vall d'Hebron, Albert Jauregui, foi retirar por esse pequeno corte um pulmão doente e introduzir pela mesma via um pulmão saudável e colocá-lo no corpo do paciente.
Como foi possível retirar e introduzir o pulmão por uma abertura tão pequena?
O pulmão foi transplantado aproveitando a capacidade que os pulmões têm de "insuflar e desinsuflar", afirmou o cirurgião, para explicar como foi possível retirar e introduzir um órgão destes por uma abertura tão pequena.
Além da incisão por debaixo do esterno, foram feitos cortes pequenos na zona lateral da caixa torácica para permitir a entrada no corpo do doente de braços robóticos (instrumentos de cirurgia) e câmaras 3D (três dimensões).
Albert Jauregui sublinhou que a aplicação da robótica permite uma alta precisão nas cirurgias, que reduz riscos em geral e aumenta a possibilidade de êxito de uma intervenção.
O médico explicou que a técnica só permite, para já, a transplantação de um pulmão, mas manifestou confiança de que seja possível em breve aplicá-la a casos em que é necessário transplantar os dois pulmões de uma mesma pessoa.
O Hospital Universitário Vall d'Hebron, em Barcelona, afirma-se como uma referência internacional na área dos transplantes pulmonares.
Com Lusa e Reuters