Saúde e Bem-estar

O que o calor faz ao nosso corpo e que cuidados se devem ter

Devido ao calor na última semana morreram mais de 500 pessoas do que era esperado.

SIC Notícias

Portugal e vários países da Europa têm sido alvo de uma intensa onda de calor. Na terça-feira, por exemplo, o Reino Unido passou os 40ºC pela primeira vez na história. O calor extremo afeta a saúde de todos, principalmente a dos grupos mais vulneráveis, como as crianças e os idosos. Desse modo, é essencial que sejam tomadas algumas medidas preventivas para diminuir o risco de danos graves para o corpo.

À medida que a temperatura exterior aumenta, a temperatura corporal também, fazendo com que os vasos sanguíneos dilatem e que consequentemente a pressão sanguínea baixe. Quando assim é, o coração tem de fazer um esforço adicional para bombear sangue para todas as partes do corpo.

Quando o corpo atinge uma temperatura acima do normal começa a libertar suor, com o objetivo de refrescar. Quando isto acontece, os níveis de fluidos e de sal diminuem consideravelmente e é necessário repô-los. A exposição solar combinada com a perda de líquidos pode levar a um esgotamento pelo calor. Os principais sintomas são:

  • Tonturas
  • Cansaço
  • Suor acentuado
  • Dor de cabeça
  • Cãibras musculares
  • Confusão
  • Desmaio
  • Náuseas

RAZÕES PARA O CORPO REAGIR DESTA FORMA

Para o corpo funcionar corretamente e realizar todas as funções sem qualquer entrave, é essencial que se encontre a uma temperatura aproximada de 37ºC, caso contrário ou entra em hipotermia (quando a temperatura corporal é demasiado baixa) ou em sobreaquecimento (quando a temperatura corporal é demasiado elevada).

Se o corpo é sujeito a muito calor, reage de modo a diminuir a temperatura interior. Nestas situações mais vasos sanguíneos dilatam junto à pele, com o objetivo de libertar suor para baixar a temperatura. À medida que o suor evapora da superfície cutânea, aumenta de forma significativa o calor perdido pela pele.

CUIDADOS A TER E COMO EVITAR O CALOR

A Direção-Geral da Saúde elaborou uma lista com os vários cuidados a ter durante os períodos de maior calor, dentro das quais se destacam:

  • É essencial evitar a exposição solar durante as 11 da manhã e as três da tarde, quando os raios solares são mais intensos
  • Beber bastantes líquidos, preferencialmente água. Evitar o álcool
  • Permanecer no interior e se possível fechar todas as persianas das divisões que estejam expostas ao sol
  • No exterior ficar à sombra, aplicar protetor solar FPS 50+ (De preferência, porém depende do tipo de pele)
  • Evitar a prática de exercício físico durante as horas mais críticas
  • Não deixar crianças e animais dentro das viaturas quando expostas ao sol
  • Ter em atenção e acompanhar de perto aqueles que sofrem de doenças que podem ser potenciadas com o calor mas também os idosos

O QUE FAZER SE ALGUÉM ESTIVER A SOFRER DE EXAUSTÃO PELO CALOR

Se a pessoa conseguir arrefecer em menos de trinta minutos, então a exaustão não é severa. Se perdurar mais de meia hora então trata-se de um caso grave e é essencial levar a cabo algumas ações.

É essencial levar a pessoa afetada para um lugar fresco e arejado, depois deve deitar-se o doente e levantar-se ligeiramente as pernas.

Durante todo o processo é imperativo que a vítima beba água de forma abundante. Deve arrefecer-se a superfície cutânea da pessoa com panos ou esponjas húmidas. Sacos de gelo também podem ser utilizados.

Se ao fim de 30 minutos não se verificarem melhorias no estado de saúde, é necessário ligar para o 112.

COMO PASSAR MELHOR A NOITE

Para ter uma noite mais descansada nas alturas em que é difícil refrescar é importante escolher lençóis frescos, se possível de algodão que é um dos materiais mais respiráveis. Não comer antes de ir para a cama, já que a digestão aumenta a temperatura corporal.

Se a temperatura exterior for menos elevada e se eventualmente correr uma brisa, deve abrir-se a janela. Se possível ligar uma ventoinha na área em que se irá passar a noite, ou então colocar gelo numa garrafa térmica e colocar sobre a pele. Pode parecer estranho, mas colocar um par de meias no congelador ou no frigorífico durante alguns momentos e depois colocá-las nos pés, pode ajudar a baixar a temperatura, uma vez que arrefecer os pés afeta o resto do corpo.

GRUPOS DE RISCO

Durante estas alturas do ano, em que o calor é mais intenso, é necessário que certos grupos de pessoas tenham mais cuidados que outros. Os diabéticos podem perder água mais rapidamente e podem sofrer de problemas nos vasos sanguíneos e na capacidade de suar, o que pode levar a condições de saúde graves

Doentes cardíacos são também um grupo de risco uma vez que podem ser menos capazes de lidar com a pressão que o calor exerce sobre o corpo.

Doentes que sofram de demência e outras perturbações neurológicas são mais vulneráveis ao calor devido ao facto de não estarem tão alerta para os cuidados essenciais.

Já os idosos e as crianças podem ser mais sensíveis e menos capazes de lidar com as altas temperaturas. Os sem-abrigo sofrem imenso durante as vagas de calor pois estão mais expostos ao sol e não têm condições de se manterem frescos e arejados.

MEDICAÇÃO QUE PODE AUMENTAR O RISCO DE COMPLICAÇÕES

Alguns medicamentos também requerem uma atenção especial às pessoas que os tomam, mas claro é essencial que se continue a tomar a medicação consoante a receita médica.

Os medicamentos diuréticos fazem com que o corpo expulse mais água, aumentando assim o risco de desidratação e a diminuição de alguns minerais importante para o bom funcionamento do organismo.

Os remédios anti-hipertensivos baixam a pressão arterial, e quando combinados com a dilatação dos vasos sanguíneos devido ao calor, pode levar a quedas súbitas da pressão arterial.

Alguns medicamentos para outras doenças neurológicas podem bloquear o suor e levar o corpo a sobreaquecer.

O recomendado é mesmo ler com atenção a bula dos medicamentos que tiverem de ser tomados e conjugar os efeitos secundários da medicação com os efeitos do calor.

Portugal registou um excesso de mortalidade entre 7 e 18 de julho correspondente a 1.063 mortes, atribuídas às temperaturas extremas que se verificaram no continente nos últimos dias, anunciou na terça-feira a Direção-Geral da Saúde.

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