A polícia sul-africana anunciou uma investigação às causas do incêndio que matou pelo menos 73 pessoas esta madrugada, num edifício de cinco andares no centro de Joanesburgo, que estava ilegalmente ocupado, apesar de oficialmente abandonado.
O comissário da Polícia da província de Gauteng, envolvente a Joanesburgo, Elias Mawela, adiantou que o incêndio ocorreu num prédio "ocupado", que se encontrava alegadamente "abandonado" e acrescentou que a polícia vai "trazer unidades especializadas para apurar a causa do incêndio".
O comissário policial afirmou que existem "700 edifícios sem dono e abandonados" no centro da capital económica sul-africana, apontando que "o edifício em si exige a atenção do município, que precisa de se certificar de que os edifícios são seguros".
Mawela indicou que "a autarquia tem de estabelecer quem são os proprietários" e vincou que "a cidade de Joanesburgo deve tomar uma decisão sobre o que fazer com estes edifícios".
A polícia atualizou esta manhã o número de vítimas mortais do incêndio que terá começado por volta das 01:30 (00:30 de Lisboa) para pelo menos 73, colocando o número de feridos em 55.
Polícia sul-africana ainda investiga
As causas do incêndio estão por determinar, segundo as autoridades sul-africanas, mas o responsável municipal pela segurança pública da autarquia de Joanesburgo, Mgcini Tshwaku, apontou como causas prováveis do incêndio o "uso de velas" e as "ligações ilegais" à rede elétrica, que são comuns na área.
"Por outro lado, quando os bombeiros entraram no edifício havia do lado de dentro um portão de segurança que se encontrava fechado e as pessoas não conseguiram sair [para fugir do fogo]", explicou.
"Muitos corpos foram encontrados carbonizados amontoados junto ao portão de segurança. "Nunca vi corpos queimados assim, irreconhecíveis; é um cenário muito triste", afirmou à imprensa no local.
O incêndio foi controlado pelos bombeiros, estando o edifício a ser evacuado, segundo um porta-voz dos Serviços de Emergência de Joanesburgo, Robert Mulaudzi.
"Cada andar tem um assentamento informal e aqueles que tentavam sair ficaram presos por causa das estruturas entre os andares", acrescentou.
“Cidade não tem dinheiro para renovar imóveis”
Uma organização comunitária no centro de Joanesburgo, a Inner City Federation, acusou a autarquia de Joanesburgo de não cuidar dos edifícios que se encontram inativos e em estado de abandono no centro da cidade.
"O edifício não foi sequestrado porque havia um segurança na porta que é contratado pela cidade de Joanesburgo. Esta manhã, no local, tivemos uma pequena conversa com o responsável de saúde e segurança pública, Mgcini Tshwaku, que indicou que a cidade não tem dinheiro para renovar os imóveis que pertencem à cidade de Joanesburgo por falta de financiamento", disse o porta-voz da organização, Siya Mahlangu, à imprensa local.
Marcelo envia condolências ao homólogo da África do Sul
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou hoje uma mensagem de condolências ao homólogo da África do Sul pelas vítimas mortais de um incêndio em Joanesburgo, tendo o Governo português expressado igualmente pesar e solidariedade.
"Perante as dramáticas consequências do incêndio que ontem destruiu um edifício na área comercial do centro de Joanesburgo, o Presidente da República enviou uma mensagem de condolências ao Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa", pode ler-se numa nota na página da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa expressou "condolências aos familiares das vítimas mortais e desejos de rápidas melhoras a todos os feridos", assinalando "a sua solidariedade a todo o povo sul-africano".
Através da rede social X (antigo Twitter), o Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu também que "Portugal lamenta as mortes causadas pelo incêndio que ocorreu na cidade de Joanesburgo, na África do Sul".
O Governo português expressou "solidariedade às autoridades locais e ao povo sul-africano" e enviou "votos de sentido pesar aos familiares e amigos".