"Bem-vindo às Ozarks": aqui só entram brancos
No alto das colinas de Ozark, no Estado norte-americano do Arkansas, a nova comunidade "Return to the Land" (Regresso à Terra) cresce pelas mãos de dezenas de pessoas constroem casas e estradas para as famílias e outros membros que hão-de chegar. Entrar nesta espécie de cidade é como pertencer a clube muito exclusivo onde se paga um quota e só são aceites sócios brancos.
O movimento, liderado por Eric Orwell, funciona sob o lema "sem negros, sem judeus, sem homossexuais" e atrai sobretudo jovens millennials e da Geração Z. "Return to the Land" representa uma versão moderna de preconceitos ancestrais. Cerca de 40 pessoas vivem em permanência nesta comunidade, mas há centenas de membros pagantes espalhados por todo o mundo.
"O que fizemos aqui foi fundar uma comunidade onde temos controlo sobre quem são os nossos vizinhos. E fazemos isto para preservar a nossa cultura. Uma cultura americana branca. Não apenas branca, mas americana branca."
Eric Orwell defende a legalidade da comunidade que criou e, quando é questionado sobre segregação, fala numa associação livre.
"Não estamos a desprezar ninguém. Ninguém abre as portas de casa a toda a gente."
A comunidade acredita que a classificação de associação privada lhes permite escolher com base na etnia ou outros fatores. Esta interpretação legal nunca foi julgada pelos tribunais e segundo especialistas em direitos civis pode falhar no caso de alguma queixa.
"Penso que eles não perceberam o que consta na lei, porque houve muitas organizações que tentaram fazer isso e dizer: 'há pessoas que quero aqui e pessoas que não quero'. E depois houve uma ação judicial e a pessoa que intrepôs essa ação judicial ganhou."
Independentemente da legalidade, a comunidade continua crescer, com o objetivo de construir cidades inteiras. Enquanto os homens executam o trabalho físico, as mulheres cuidam das crianças a tempo inteiro.
"É um movimento de amor. Se outras pessoas podem ter as comunidades delas, não percebo porque é que os brancos não podem fazer isso?"
"Return to the Land" é apenas o exemplo mais radical de uma tendência crescente nos Estados Unidos. Dados da organização ACLED, que monitoriza conflitos violentos e protestos, mostram um aumento dramático de incidentes supremacistas brancos nos últimos quatro anos.
O crescimento deste tipo de comunidades levanta questões sobre os limites da liberdade de associação e os riscos da normalização de ideologias supremacistas entre as gerações mais jovens.
"Eles não estão aqui para comprar legumes no mercado": cigarros geram guerra em Bruxelas
Uma batalha territorial está a intensificar-se em Bruxelas entre gangues internacionais que disputam o lucrativo mercado de venda de cigarros ilegais. O aumento dos impostos sobre o tabaco está a impulsionar este comércio clandestino, que, apesar de parecer menos nocivo do que o tráfico de drogas, envolve níveis de violência semelhantes, incluindo agressões, esfaqueamentos e até mortes.
Nas imediações do matadouro de Anderlecht, as autoridades belgas cumprem mais uma operação contra a venda de cigarros ilegais. Muitos dos suspeitos fugiram assim que viram os carros da polícia, três foram detidos. Além dos cigarros foram apreendidos óculos de sol contrafeitos, um dos homens reside de forma ilegal na Bélgica.
"Eles não estão aqui para comprar legumes no mercado."
Um dos detidos transportava quatro caixas de cigarros sem selo fiscal nem preço, sinais claros de falsificação. Os vendedores escondem os produtos entre carros, no lixo e até em canos de esgoto, para evitar as apreensões.
Clãs da Albânia, Argélia e França disputam o controlo da zona, gerando um ambiente de insegurança para residentes e turistas.
"Há uma verdadeira batalha territorial para alcançar o maior número de compradores possível."
Os polícias explicam que a estrutura da venda ilegal de cigarros é semelhante à do tráfico de droga e o impacto na sociedade é igualmente grave. As investigações apontam para ligações entre estas redes, que têm um objetivo comum: maximizar lucros.
Fechado a sete chaves, o café está a "preço de ouro"
Na Alemanha, o café passou a ser tratado com o mesmo nível de segurança que o álcool e o tabaco. Em várias cadeias de supermercados, seja em grão ou solúvel, o café está agora fechado dentro de vitrines ou protegidos com alarmes e cadeados.
O preço do café na Alemanha aumentou cerca de 12,2% nos últimos meses. Uma subida que representa um enorme prejuízo para os supermercados, porque com o aumento do preço cresceram os roubos. O prejuízo total para o setor do retalho rondará os três mil milhões de euros no último ano.
"As prateleiras com café em grão foram completamente esvaziadas de uma só vez."
Kristin Köbernik é a proprietária de um supermercado que foi forçado a tomar medidas. O café em grão e café solúvel passaram a estar fechados, apesar do incómodo adicional para os clientes.
Novas soluções podem surgir nos próximos meses, a inteligência artificial poderá fundamental na prevenção de furtos, pois permite analisar imagens de câmaras de forma eficaz e identificar comportamentos suspeitos.
Como enganar o Google Maps para escapar ao caos do estacionamento
Cansados da confusão causada por veraneantes, os moradores de Zandvoort, nos Países Baixos recorreram a um truque digital para proteger o seu bairro e o truque funcionou.
Num gesto de desespero e criatividade, os residentes de Zandvoort, uma vila costeira nos Países Baixos, decidiram tomar o controlo do trânsito no seu bairro. Fartos do congestionamento e da falta de estacionamento provocados pelos visitantes da praia, uniram-se para reportar no Google Maps que havia obras rua. O resultado? A aplicação passou a indicar que a rua estava inacessível, redirecionando automaticamente os condutores para outras zonas.
A ideia espalhou-se num grupo de WhatsApp da vizinhança e foi inspirada por uma ação semelhante em Lisserbroek.
"Se reportarmos um bloqueio uma ou duas vezes, o Google aceita e marca a estrada como fechada."
Bastaram cinco telemóveis a fazer a mesma notificação para que o sistema fosse enganado. A manobra, embora eficaz, não agradou ao vereador do trânsito de Zandvoort, Gert-Jan Bluijs.
"É engenhoso, mas não é para isso que o sistema serve. Se todos começarem a fechar ruas, Zandvoort mergulha no caos."
Em resposta, a autarquia agiu rapidamente. Foram colocados sinais físicos a orientar os visitantes para os parques de estacionamento principais, através das estradas principais, poupando assim os bairros residenciais.
Segundo Mark Hofman, publicação especializada em tecnologia Bright, manipular o Google Maps é bastante fácil.
"Basta abrir a aplicação, reportar obras em curso e confirmar. Com a ajuda de alguns amigos, o sistema é enganado temporariamente."
No entanto, o próprio Google corrige o erro ao fim de alguns minutos, quando percebe que os dados não correspondem à realidade.
Mistério na Noruega: há dezenas de gnomos a "encantar" um jardim
Desde abril do ano passado, há um mistério a chamar a atenção dos moradores de Mevik, uma pacata localidade da Noruega. Um jardim, mais de 80 gnomos e uma moradora são os protagonistas de um caso ainda sem explicação.
Tudo começou de forma inesperada, quando Solbjørg Iversen encontrou os primeiros gnomos espalhados pelo seu relvado. Estavamos em abril de 2024 até ao final do ano contou 71 gnomos, todos colocados sem qualquer explicação aparente. Este ano, o mistério continua, com 15 novas figuras, cada uma com um estilo único, desde vikings até uma versão inspirada em Donald Trump, com o slogan "Make Gnomes Great Again". Apesar de achar os gnomos "simpáticos e encantadores", a moradora começa a questionar os limites da brincadeira.
"Não é como se alguém quisesse fazer-me mal ao trazer estes gnomos. Mas acho que tem de acabar algum dia. Não pode continuar para sempre. Tem de haver um limite para a bondade das pessoas, certo?"
A vizinha Torbjørg Jørgensen garante que não está envolvida e fala de um suspeito.
"É 100% certo que não tenho nada a ver com o mistério dos gnomos. Vimos alguém a passar por aqui uma vez, devia ser um jovem com um casaco escuro e capuz. É o caso mais emocionante do bairro."
Solbjørg Iversen suspeitou de vários vizinhos e até da própria filha, mas todos têm álibis. Chegou a ponderar se alguém teria colocado um rastreador no seu carro, dado que os gnomos aparecem quando ela está ausente.
Com drones a sobrevoar o bairro, o mistério dos gnomos tornou-se um fenóeno local, alimentando teorias e rumores. Enquanto o autor permanece desconhecido, uma coisa é certa, o jardim de Solbjørg Iversen tornou-se um símbolo de criatividade e surpresa e talvez o início de uma tradição encantada.
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