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Filhos para a guerra? Rússia tem nova lei contra famílias sem crianças

A família Asachyov, com oito filhos, foi recentemente eleita como a "Família Moscovita do Ano. Vera e Timofey Asachyov são apresentados como o modelo de família ideal. Receberam honras de Estado e a prestigiada Ordem da Glória Parental. Pai, mãe e oito filhos aparecem sorridentes cartazes por toda a cidade.

SIC Notícias

A Rússia está a promover famílias numerosas ao mesmo tempo que proíbe o que diz ser propaganda a famílias sem filhos. A justificação é o decréscimo da natalidade, 2024 tem o número mais baixo de nascimentos em 25 anos. O Kremlin classificou a situação como "catastrófica".

A nova lei, aprovada por unanimidade pela Duma, visa penalizar a promoção de uma vida sem filhos, com multas para quem for apanhado a difundir esta ideologia.

“As autoridades afirmam que esta propaganda a famílias sem filhos está por toda a parte, nos filmes, na comunicação social e na Internet. Mas não é isso que sentimos quando andamos por Moscovo. Por onde quer que olhemos há cartazes a promover a família e a maternidade e o que a Rússia diz serem os valores tradicionais.”

Tatiana Butskaya, deputada do partido Rússia Unida, defende a nova lei e diz que a propaganda a famílias sem filhos é uma "ideologia contra a vida na Terra".

“Se os nossos pais tivessem embarcado nesta ideologia, nenhum de nós estaria hoje nesta conferência de imprensa. Talvez estivessem aqui outras pessoas, ou até robôs.”

"Violência reprodutiva"

No entanto, críticos argumentam que a verdadeira razão para a baixa taxa de natalidade são os custos elevados de criar filhos, o número de homens enviados para a guerra na Ucrânia, e a morte de muitos maridos no conflito.

Zalina Marshenkulova é ativista pelos direitos das mulheres e deixou a Rússia após a invasão da Ucrânia. Diz que a nova lei é uma forma de "violência reprodutiva".

"Sem dúvida é mais uma lei repressiva. Eles precisam de transformar todas as mulheres em mecanismos de reprodução de escravos."

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