Perdidos e Achados

Reis e rainhas de Torres Vedras

Ele é um ele. E ela também. Só um homem pode ser... rainha. Perdidos e Achados foi ao encontro dos actuais e antigos "monarcas", ainda vivos, da folia torreense.

Joaquim Franco

Manuel Ferreira

Perdidos e Achados

António Agostinho, de 86 anos, foi rainha de Levy dos Santos. José Abrantes foi rainha de João Melo, que teve ainda as rainhas Luís e Alfredo Reis - de apelido -, que são irmãos. A rainha Alfredo fez também par com os reis Bruno Melo - filho de João Melo - e António Miranda Santos, pai do sucessor, Ricardo, que teve como rainha o Pedro Adam, que entregou a coroa ao Ricardo Rodrigues. Este ano, portanto, rei e rainha dão pelo nome de Ricardo. Confuso?! Esta é a história possível dos reis e rainhas do Carnaval de Torres, uma festa adoptada pelo ambiente republicano, que se conta com a inversão de papeis, inicialmente como sátira à Igreja e à monarquia. Em 2017, o carnaval de Torres tem nova rainha, que, tal como o rei, e outros, é desde que se conhece de uma "raça" autóctone que aparece nesta altura do ano e que dá pelo nome de... Matrafonas.

Enraizada nos ciclos rurais, é ancestral esta folia da anormalidade social. Mas as referências a um entrudo em Portugal prévio à Quaresma remontam ao século XIII. As crónicas dão conta de brincadeiras por vezes violentas. Em Torres Vedras, já no século XVI havia queixas por brigas e brincadeiras. No século XIX, como acontecia em todo o lado, os salões organizavam os bailes de máscaras, mas havia pulhas a espalhar ofensa e sátira nas ruas. O Carnaval à semelhança do que temos hoje começou em 1923. Por influência estrangeira, apareceram os carros alegóricos, os cortejos.. e um rei, que só teria rainha no ano seguinte. E se Torres Vedras dá hoje nome ao Carnaval, será também pela memória acumulada de folias e dias que mexem na economia local. Revelamos ainda um filme da década de 1930, quando o Carnaval de Torres era projetado nas salas de cinema de Lisboa. Desses anos, nenhum monarca é vivo, mas os "descendentes" mais velhos recordam aqueles dias loucos que juntavam classes sociais nas ruas e libertavam as moças...

Jornalista – Joaquim Franco

Repórter de Imagem – Rogério Esteves, Manuel Ferreira

Edição de Imagem – Andrés Gutierrez

Produção – Madalena Durão

Coordenação – Luís Marçal

Direção – Ricardo Costa

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