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Mais mundo: à procura do ouro

Ao longo de toda a história da humanidade, este metal precioso provocou conflitos, guerras e mortes. No Mais Mundo, constata-se que, em pleno século XXI, continua a fazer estragos, sobretudo ambientais.

SIC Notícias

Várias aldeias ao longo do rio Barama, na floresta tropical da Guiana, estão em luta contra os madeireiros e a indústria mineira. Cada vez mais, a população indígena está a perder o terreno para as grandes empresas que exploram ouro e outros minérios neste país, encravado entre a Venezuela e o Brasil, em plena América do Sul.

A desflorestação e contaminação dos rios por mercúrio utilizado na mineração do ouro estão a destruir estas terras ancestrais, teoricamente pertença das comunidades ameríndias, segundo a Constituição do país, independente do Reino Unido desde os anos 60.

Mas os sucessivos governos foram concedendo sucessivas licenças a empresas de extração industrial, geralmente multinacionais com um parceiro local, que impedem os próprios habitantes de entrar no território onde, há séculos, mineram ouro de forma sustentável.

O ouro, que foi em tempos uma forma de manter a riqueza nas comunidades, escapa-se agora para longe e deixa um rasto de devastação e impotência.

Condições desumanas em busca do ouro

O país com as maiores reservas de petróleo do mundo também esconde no subsolo outras riquezas. Em 2016, a Venezuela decidiu abrir zonas de exploração mineira, diamantes, cobre e, sobretudo, ouro como forma de diversificar uma economia em crise profunda.

Milhares de pessoas trabalham sob condições desumanas, sem qualquer controlo das autoridades e em regiões minadas pela violência e pela violação dos direitos humanos mais basilares na esperança de descobrir aquela pepita que mudará a vida para sempre.

Num regime de quase escravatura, os acidentes acontecem com frequência, em condições que favorecem muitas vezes as doenças tropicais como a malária ou a dengue.

No estado de Bolívar, no centro da Venezuela, os métodos de extração são inadequados com o uso de explosivos que destroem o solo, do mercúrio que envenena o ambiente e a saúde dos trabalhadores.

Um ciclo de pobreza, perpetuado pelos sonhos de um el-dorado, que quase nunca se concretiza.

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