Israel iniciou uma ofensiva contra o Irão no dia 13 de junho, com ataques a instalações militares e a infraestruturas do programa nuclear iraniano. Foram mortos vários líderes militares e cientistas nucleares importantes. Como resposta, o Irão retaliou e tem lançado, desde então, drones e mísseis contra o inimigo.
Segundo a informação avançada por Telavive, Teerão estava a aproximar-se do “ponto de não retorno” no desenvolvimento de uma bomba atómica, devido ao enriquecimento de urânio e, por isso, lançou a chamada operação “Leão Ascendente”.
O primeiro-ministro israelita “Benjamin Netanyahu já anunciou o seu objetivo de aniquilar a capacidade — ou a alegada capacidade — do Irão aceder à arma nuclear no anos 90”, começa por dizer José Palmeira, professor de Relações Internacionais da Universidade do Minho.
“Esta foi a janela de oportunidade que Netanyahu encontrou para concretizar o seu objetivo de longa data”, acrescenta. Israel já recusou negociar com o Irão, que por sua vez recusa render-se, e assegurou que vai continuar a atacar o país até “atingir todos os objetivos”.
O Presidente dos Estados Unidos tem sido bastante vocal sobre esta agressão, posicionando-se ao lado de Israel, país aliado. Donald Trump não descarta a hipótese de os EUA intervirem na guerra, apesar do seu discurso incoerente e imprevisível.
Na última quinta-feira, Trump informou, através da secretária da Casa Branca, que iria decidir sobre uma eventual intervenção dos norte-americanos no conflito “nas próximas duas semanas”, não ficando claro que tipo de envolvimento pode estar em causa.
“Donald Trump ficou convencido que o Irão tem uma debilidade maior do que que aquela que ele achava. E não pretende apenas a negociação — pretende a rendição. Se houver uma rendição, o Irão não estará em condições de negociar, terá de aceitar o que lhe for imposto”, diz José Palmeira.
Segundo o académico, especializado em assuntos do Médio Oriente, o líder norte-americano parece querer “neutralizar o Irão”. “A ameaça do uso da força também por parte dos Estados Unidos é [para] fazer com que o Irão se renda. Esse é o objetivo neste momento dos EUA: uma rendição incondicional.”
Este episódio foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a edição técnica de João Luís Amorim. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna, Pedro Cordeiro e Catarina Maldonado Vasconcelos. Subscreva e ouça mais episódios.