Luís Marques Mendes em Podcast

Luís Marques Mendes: debate do Orçamento do Estado para 2024 foi "politicamente muito pobre”

No seu habitual comentário, aos domingos na SIC Notícias, Luís Marques Mendes fala, entre alguns temas, da crise na saúde, dos lucros na banca, do Orçamento do Estado e do conflito entre Israel-Hamas

Luís Marques Mendes em Podcast

Luís Marques Mendes iniciou o seu habitual comentário, aos domingos no “Jornal da Noite” da SIC Notícias, com o desacordo entre o Sindicato dos Médicos e o Governo. Marques Mendes mostra-se positivo ao acreditar que vai haver acordo em breve, não só por ser urgente na atualidade, como para o futuro do Serviço Nacional de Saúde.

Diz que "o equilíbrio e a moderação vão prevalecer" para resolver a atual crise nas urgências hospitalares e para devolver a atratividade da carreira médica. Segundo o comentador “Portugal tem médicos excelentes, do melhor que há. O problema não está nos médicos" explica que está na remuneração e falta de condições de trabalho que levam os médicos a optar pelo privado ou a abandonar o país.

Sustenta a sua opinião com dados da OCDE que mostram que os médicos e investigadores portugueses são das classes que mais perderam rendimentos, sendo que Portugal ocupa a 3ª posição mais baixa em remunerações comparando com os países que pertencem à OCDE.

Termina o tema ao deixar um apelo ao Governo e sindicatos: “façam um esforço para se entenderem (…) a política é a arte do possível, temos de entrar num clima de moderação e equilíbrio”.

Os lucros dos bancos

Na opinião de Luís Marques Mendes, os lucros apresentados pelos bancos portugueses são “estratosféricos”. Explica que lucros são sempre positivos, mas que tendo em conta a conjuntura atual “é natural que deixe muita gente indignada”.

A razão principal é resultado da subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, “mas não é daí que vem a indignação”, prossegue a explicar que deverá ser consequência dos juros dos depósitos a prazo dos particulares e fundamenta ao dizer que ainda hoje Portugal é o 5º país da Zona Euro com juros mais baixos.

Explica que a banca tem vindo a ter o melhor de três mundos: beneficia de altas taxas de juro nos empréstimos que faz, cobra muitas comissões e usufrui das vantagens de pagar juros baixos nos depósitos aos particulares. Defende que “os bancos deviam pensar na sua imagem, reputação e na componente da responsabilidade social" e acrescenta ainda que “o Banco de Portugal podia ter mais firmeza”.

Bons e maus sinais da Economia portuguesa

O comentador da SIC separa a economia portuguesa em bom e mau. Do lado bom, destaca a desaceleração da taxa de inflação.

Por outro lado, o lado mau, fala do PIB que deu um sinal negativo no 3º trimestre ao contrair 0,3%, levando ao risco de Portugal entrar em recessão.

E fala ainda na queda de 8,8% das exportações portuguesas.

O Orçamento do Estado em debate

Luís Marques Mendes considerou o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024: "politicamente muito pobre”, acrescentando ser de “um país que a nível político não tem ambição”.

Afirmação que exemplifica por se ter “passado mais tempo a falar no passado, sobre Pedro Passos Coelho ou Cavaco Silva”, em vez de se discutir o presente e o futuro do país.

Diz que o primeiro-ministro cometeu um erro ao dizer que o que menos conta na privatização da TAP é o seu valor. "Parece que a TAP está em saldos", declaração que, na sua opinião, será mal vista internacionalmente, especialmente numa altura em que a companhia aérea está a dar lucros.

Destaca ainda aquilo que considera ter sido uma provocação do Governo ao Presidente da República: ter sido o ministro João Galamba a fechar o debate.

Novo aeroporto de Lisboa

Ainda houve tempo para discutir a localização do novo aeroporto de Lisboa, já que este é o mês em que a Comissão Técnica Independente apresenta o seu relatório. Espera que tudo corra bem “mas suspeito que muita coisa possa correr mal”.

Defende que a Comissão Técnica Independente já teve tantas polémicas que acabou por se descredibilizar.

Guerra no Médio Oriente

O último tema a abordar foi a guerra Israel-Hamas. Destaca a sua brutalidade ao compará-la com a guerra na Ucrânia. Segundo a ONU, a guerra da Ucrânia vitimou cerca de 9700 civis em quase dois anos, já a guerra no Médio Oriente, em menos de um mês, já vitimou 10.000 civis, sendo que se espera que comece em breve uma fase mais complexa da guerra.

Acrescentou ainda que a única constatação que gera alguma esperança é o papel moderador dos EUA.

Em Portugal, diz que as declarações do Presidente da República quanto ao conflito “não foram felizes”.

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