Quando tinhas treze anos não sabias para quem estavas a falar?
Até há pouco tempo também nem tinha noção de que muita gente nova me via. Nunca disse asneiras, sou muito family friendly no geral. Mas lembro-me de que em 2020, meti uma story a dizer para aparecerem na Feira do Livro, porque lancei um livro. Bem, uma fila de 2km, teenagers loucas. "Sou uma estrela pop da Disney", pensei mesmo isso. Aí tive muita noção de que era gente nova.
Como é que decides que uma ideia vai resultar num sketch ou numa música?
Eu sabia que queria fazer o Coliseu. E o que é que vou levar para o Coliseu? Tinha de ter músicas. Só as lancei na verdade para as cantar no Coliseu. Era o meu único objetivo. Eu sabia que quando fizesse 25 anos queria fazer um Coliseu. Uma cena normal, uma pessoa que faz 25 anos quer obviamente fazer um Coliseu. Depois fiz os videoclipes, gosto de ter as ideias. "Neste vou estar vestido de homem", como é o caso da música "Amorzão".
Dá-te mais prazer fazer a parte de stand-up ou das músicas?
Estou toda borrada antes de entrar em palco para fazer stand-up. Juro, ninguém entra na casa de banho. Vai-me dar uma dor de barriga logo de manhã. No outro espetáculo, quando acabava o stand-up e sabia que a seguir só ia cantar duas músicas finais era quando estava melhor.
Pegando numa das músicas que apresentaste, a "Não é um trabalho", em que satirizas uma influencer cuja profissão é "gravar stories" e "ir a eventos". Fazeres stand-up comedy ajuda-te a validar o teu trabalho como criadora de vídeos?
Sem dúvida. Eu pensei em fazer stand-up porque se só fizesse sketches ninguém me ia levar muito a sério. Eu acho.
Nessa música há uma parte mais profunda.
Sim, mas volta sempre a gozar. Dou-te um segundo mais deep, em que eu digo "Mas ninguém, ninguém me dá valor. Já nem sei se tenho amigos ou apenas seguidores. Às vezes sinto que a Madeira é uma ilha nos Açores." Voltamos sempre a gozar para as pessoas não começarem a chorar ali a ouvir a minha música.
Isso é importante para ti? Nunca ir para esse lado.
Claro, não estou séria na vida. Não vou estar séria na vida. Nunca. Não estou para isso. Já há problemas demais.
Gustavo Carvalho faz perguntas sobre comédia. O convidado responde. Sorriem… é humor à primeira vista. Oiça aqui mais episódios: