A nova versão da Lei dos Estrangeiros, que vai ser discutida e votada no próximo dia 30, em plena campanha eleitoral, já foi tema esta quarta-feira na Assembleia da República.
Horas antes do arranque do debate quinzenal, André Ventura ficava a saber pelos jornais que o Governo tinha enviado ao Parlamento uma nova versão da Lei dos Estrangeiros e não gostou: “Não sei porquê, nem como. Nem quem. Da parte do Chega ninguém foi contactado sobre isso”.
Mas André Ventura, visivelmente irritado, prosseguiu e deixou um aviso a Montenegro, que não pareceu ter ficado preocupado.
“A arrogância é, geralmente, má conselheira. Nas últimas eleições já percebeu isso e também eu pensava que tinha percebido que este não era um Parlamento de maioria e que não vale nada, com todo o respeito, pôr um ministro a falar (…) porque quando chega o momento são tão frouxos na imigração como o PS”, afirmou Ventura com Montenegro a responder que ”a negociação não é a imposição da vontade do senhor deputado André Ventura".
"O senhor deputado tem de aprender a conviver com as regras da democracia”, acrescentou o chefe de Governo.
A primeira versão da lei que, recorde-se, foi chumbada pelo Tribunal Constitucional, foi aprovada no Parlamento com os votos a favor do Chega. A nova versão recua, por exemplo, nos prazos para o reagrupamento familiar.
“Reagrupamento familiar? Ai o Presidente vetou a lei, vamos voltar atrás. Mas qual voltar atrás? Nós nunca voltamos atrás”, disse o líder do Chega, com Montenegro a deixar mais um conselho: "Perante a pronúncia de dois órgãos de soberania - TC e o PR - a sua resposta nada, nada cravada na arrogância, ‘não fazemos nada mantemos tudo na mesma’. Oh senhor deputado é preciso respeitar o funcionamento da democracia, as regras da democracia”.
E ao seu estilo, André Ventura não se ficou e garantiu que irá “contra a vontade de quem seja para pôr os portugueses em primeiro lugar neste país”. Ao que se seguiu, mais um conselho de Montenegro.
“Não se esqueça, senhor deputado, de duas ou três coisas, a primeira é que sua excelência o senhor Presidente da República tem uma representatividade maior do que a sua. Embora ambas emanem do voto direto e democrático, o senhor Presidente da República foi eleito com mais de 50% e, já agora, à primeira volta e por duas vezes”
A nova versão da Lei dos Estrangeiros vai ser discutida e votada na próxima terça-feira, em plena campanha eleitoral e, ao que a SIC apurou, todos os partidos concordaram com a data.