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Bebés agredidos, amarrados e forçados a comer: acusação descreve violência em creche de Rabo de Peixe

15 crianças foram vítimas de maus-tratos na creche da casa do povo de Rabo de Peixe, nos Açores. Na acusação do Ministério Público, a que a SIC teve acesso, são descritos anos de violência de quatro auxiliares, agora acusados de 44 crimes, contra bebés e crianças.

Cláudia Machado

Os vídeos do sistema de videovigilância e os testemunhos das crianças têm um grande peso entre as provas que o Ministério Público dos Açores apresenta para acusar as quatro auxiliares de Rabo de Peixe de um total de 44 crimes de maus-tratos.

Algumas das imagens tornaram-se públicas e mostram a violência que marcava a hora da refeição na creche da casa do povo de Rabo de Peixe.

Bebés de meses e crianças até aos três anos eram agredidas e forçadas a comer, por vezes até os alimentos que tinham acabado de vomitar. Muitas eram deitadas para dormirem a sesta ainda com pedaços de comida na boca e em risco de sufocarem.

Crianças mantidas nas roupas urinadas

Um bebé de dois anos foi amarrado a uma cadeira com a toalha de mesa e obrigado a comer. Uma menina de sete anos foi obrigada a dormir sobre o cimento do pátio quente sem proteção.

Outro bebé, de um ano, foi deixado fechado no pátio interno da escola. Quando foi confrontada pela educadora, a auxiliar, que ignorou a criança, disse que já não podia mais com ela.

Proibiam as crianças de ir à casa de banho durante a sesta, que durava três horas - e quando estas sofriam descuidos, eram mantidas nas roupas urinadas por vezes até irem para casa. Eram agredidas com pancadas e insultadas.

Casa do povo despediu auxiliares

A acusação diz que os maus-tratos duravam desde que as auxiliares começaram a trabalhar na creche, algumas há 20 anos, mas especialmente entre o ano passado e o início deste ano.

Nalguns episódios, as arguidas eram confrontadas por colegas, mas desvalorizavam, dizendo que não estavam a magoar as crianças.

O Ministério Público identifica 15 vítimas e pede que cada uma seja indemnizada num valor não inferior a dois mil euros. As quatro auxiliares foram despedidas da creche.

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