Os vídeos do sistema de videovigilância e os testemunhos das crianças têm um grande peso entre as provas que o Ministério Público dos Açores apresenta para acusar as quatro auxiliares de Rabo de Peixe de um total de 44 crimes de maus-tratos.
Algumas das imagens tornaram-se públicas e mostram a violência que marcava a hora da refeição na creche da casa do povo de Rabo de Peixe.
Bebés de meses e crianças até aos três anos eram agredidas e forçadas a comer, por vezes até os alimentos que tinham acabado de vomitar. Muitas eram deitadas para dormirem a sesta ainda com pedaços de comida na boca e em risco de sufocarem.
Crianças mantidas nas roupas urinadas
Um bebé de dois anos foi amarrado a uma cadeira com a toalha de mesa e obrigado a comer. Uma menina de sete anos foi obrigada a dormir sobre o cimento do pátio quente sem proteção.
Outro bebé, de um ano, foi deixado fechado no pátio interno da escola. Quando foi confrontada pela educadora, a auxiliar, que ignorou a criança, disse que já não podia mais com ela.
Proibiam as crianças de ir à casa de banho durante a sesta, que durava três horas - e quando estas sofriam descuidos, eram mantidas nas roupas urinadas por vezes até irem para casa. Eram agredidas com pancadas e insultadas.
Casa do povo despediu auxiliares
A acusação diz que os maus-tratos duravam desde que as auxiliares começaram a trabalhar na creche, algumas há 20 anos, mas especialmente entre o ano passado e o início deste ano.
Nalguns episódios, as arguidas eram confrontadas por colegas, mas desvalorizavam, dizendo que não estavam a magoar as crianças.
O Ministério Público identifica 15 vítimas e pede que cada uma seja indemnizada num valor não inferior a dois mil euros. As quatro auxiliares foram despedidas da creche.