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Mobilidade forçada: "Governo até podia fazer requisição civil porque está em jogo a segurança das grávidas"

Francisco Goiana da Silva, médico e comentador SIC, analisa a polémica em torno do despacho do Ministério que vai obrigar a equipa de obstetrícia do Hospital do Barreiro a assegurar as escalas na Urgência do Garcia de Orta. Os sindicatos ainda não receberam informação oficial, mas contestam a eventual mobilidade forçada por despacho.

Francisco Goiana da Silva

SIC Notícias

O Governo quer obrigar os médicos do Barreiro a assegurar as escalas no Hospital Garcia de Orta para evitar o fecho das urgências na Margem Sul. Os sindicatos recusam qualquer proposta de mobilidade forçada. Francisco Goiana da Silva explica na SIC Notícias que atualmente "existem contratos coletivos de trabalho a que os médicos aderem, enquanto trabalhadores da função pública, e que preveem algumas exceções e algumas modalidades".

"Uma destas modalidades é poder haver, então, uma mobilidade para serviços próximos a menos de 50 km, desde que sejam, idealmente, dentro da mesma instituição (...) em de haver ser estabelecido um protocolo de colaboração entre O Hospital do Barreiro, a Maternidade do Barreiro e a Maternidade do Garcia de Orta".

O comentador da SIC acrescenta que "quando há interesse nacional, é possível, foi feito já, em última instância, o Governo até podia fazer uma requisição civil porque está em jogo a segurança daquelas grávidas".

Goiana da Silva lembra que "o SNS foi criado para dar acesso a cuidados de saúde a todos os cidadãos, ou seja, a missão do SNS é prestar cuidados às pessoas, aos doentes, aos cidadãos. Para isso acontecer, precisa de profissionais, precisa de equipas, precisa de enfermeiros, precisa de médicos. Mas isso é um instrumento para prestar os cuidados".

"Aqui gostava de recentrar e de recordar a todos aqueles que nos ouvem, quer profissionais, quer telespectadores, que, de facto, o SNS tem de ser gerido para as pessoas. Não é para os médicos, não é para manter o conforto dos médicos ou até aquilo que nós gostaríamos de ter tudo em todo lado, aberto e a todas as horas. Nós temos maternidades a mais. para os números profissionais que nós temos disponíveis para as assegurar. E, portanto, quem muito abarca, pouco aperta", realça Goiana da Silva.

A ministra da Saúde quer transferir obstetras do Barreiro para Almada para resolver problema das urgências na Margem Sul. A notícia é avançada pelo Expresso.

O despacho do Ministério vai obrigar a equipa de obstetrícia do Hospital do Barreiro a assegurar as escalas na Urgência do Garcia de Orta. Os sindicatos ainda não receberam informação oficial, mas dizem que a mobilidade forçada por despacho "não é possível fazer". A Federação Nacional dos Médicos explica que os acordos coletivos protegem os médicos da deslocação do local de trabalho.

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