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“Mau cheiro”, “água cinzenta” e “fezes humanas”: moradores queixam-se de poluição no rio Leça

As descargas ilegais estão a poluir o rio Leça, no distrito do Porto. Os moradores queixam-se da falta de salubridade. Os municípios garantem que já estão a trabalhar na despoluição.

Marta Sobral

Carlos Artur Carvalho

Miguel Castro

Os moradores de Leça queixam-se das descargas ilegais que continuam a poluir o rio. Só este ano, já foram feitas mais de 115 denúncias.  

As queixas dos moradores são recorrentes e até foi criada uma associação sob o mote "Salvem o nosso rio Leça". O objetivo é alertar as entidades competentes para um problema que já existe há vários anos. 

“O Leça está extremamente poluído”, frisa Israel Pontes, da associação “Salvem o nossa rio Leça”, que tem “toda a certeza” que é já o rio mais poluído do país. 

“É um dos motivos pelos quais a qualidade da água na praia de Matosinhos é imprópria a banhos”, aponta. “Temos toneladas de excrementos, de fezes humanas, a sair diretamente para o rio. Há também um problema imenso com as nossas ETARs [estações de tratamento de águas residuais] e não há vontade política nem legal para se resolver este problema. 

Centenas de denúncias

Nos últimos cinco anos, a linha do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente recebeu cerca de 700 denúncias, que resultaram em 140 processos de contraordenação e 34 processos-crime. 

Só este ano, até 31 de agosto, já foram feitas mais de 115 denúncias que resultaram em 19 contraordenações e quatro crimes. 

Municípios garantem que estão a agir

Os quatro municípios por onde passa o rio Leça - Santo Tirso, Matosinhos, Valongo e Maia - criaram uma associação, quatro anos, e desde então garantem estar a trabalhar na despoluição do rio, através de um financiamento do Estado de 4 milhões de euros. 

“Estamos com guarda-rios que monitorizam o rio Leça todos os dias, temos sondas fixas que registam alterações à qualidade dá água (...) e, por isso, estamos a fazer algo que achamos que é um bom exemplo para o resto do país”, Artur Branco, diretor da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça.  

Sublinha, contudo, que “não é rápido despoluir um rio densamente urbano e com todos os problemas que isso representa”. 

A associação de municípios afirma ainda que já foram retiradas 250 toneladas de resíduos do rio e plantadas 51 mil árvores autóctones neste processo de despoluição do rio Leça, que tem uma meta de dez anos.

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