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Agentes da PSP de Olhão acusados de levar marroquinos até local escondido para espancamento brutal

Os marroquinos tinham provocado desacatos em dois supermercados em Olhão. Os polícias detiveram os homens e algemaram-nos. Um dos marroquinos, adormecido, foi libertado das algemas e atirado à berma. O outro, Aita Ait Aissa, terá sido espancado, ainda algemado, com as mãos atrás das costas.

João Tiago

Luís Silva

Dois agentes da PSP de Olhão estão acusados de algemar e levar dois marroquinos até um local escondido para aí espancarem brutalmente um deles. O homem viria a morrer no hospital 19 dias depois. Os dois agentes estão suspensos de funções por ordem judicial.

As agressões terão ocorrido num caminho municipal, numa zona rural perto de Pechão, longe da vista de eventuais testemunhas.

Os dois marroquinos tinham sido trazidos algemados por dois agentes da PSP no carro de patrulha.

Um deles, adormecido, foi libertado das algemas e atirado à berma. O outro, Aita Ait Aissa, terá sido espancado, ainda algemado, com as mãos atrás das costas.

A acusação do Ministério Público, revelada pela revista Sábado, descreve que os dois agentes da PSP de Olhão desferiram várias pancadas na cabeça e na face do homem, incapaz de se defender.

Não morreria logo ali. Esteve ainda internado 19 dias nos cuidados intensivos de Faro, até que o hematoma cerebral lhe foi fatal.

O caso aconteceu a 9 de março de 2024.

Ambos sob efeito de estupefacientes, os marroquinos tinham, primeiro, a meio da tarde, provocado desacatos num supermercado em Olhão. A patrulha da PSP conseguiu identifica-los.

Mas viria a ser chamada uma segunda vez, ao início da noite, noutro supermercado da cidade, onde os dois homens tinham estado a abrir e a comer vários alimentos.

Os agentes seguiram no encalce dos homens, detendo-os e algemando-os, apesar da gerente do supermercado não ter apresentado queixa.

O Ministério Público entendeu, por isso, acusar os dois agentes da PSP de dois crimes de sequestro agravado, além de homicídio qualificado. Estão suspensos de funções por ordem judicial.

A PSP garante que assim se vão manter até que o julgamento se conclua. Para já, o início está ainda por ser agendado.

A PSP instaurou também um procedimento disciplinar. Repudia os comportamentos dos agentes descritos na acusação e garante tudo fazer para que sejam uma exceção dentro da força de segurança.

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