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Número de partos em ambulâncias dispara devido a encerramento de urgências

Só no último ano, cerca de meia centena de bebés nasceram em ambulâncias. Já em 2025, o número de partos nestas condições já vai em 36.

Fernanda de Oliveira Ribeiro

Ricardo Tenreiro

O caos nas urgências de Ginecologia e Obstetrícia tem feito disparar o número de partos em ambulâncias. Segundo a Liga dos Bombeiros, no último ano nasceram cerca de 50 bebés quando durante o transporte para a maternidade. 

Nascer numa ambulância era, há cerca de uma década, um acontecimento esporádico. Mas as circunstâncias agravaram-se nos últimos anos. Se, em 2023, terão nascido em trânsito 13 bebés, em 2025 os números são bem diferentes. 

Já vamos em 36 bebés nascidos em ambulâncias”, afirma Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM). “Tivemos agora duas fatalidades e isto não é aceitável.” 

O fecho intermitente das urgências de Ginecologia e Obstetrícia, por falta de especialistas para preencherem as escalas, tem obrigado as grávidas a ter os partos mais longe da área de residência. E há regiões mais afetadas do que outras. 

“Os constrangimentos que têm vindo a acontecer, principalmente na Península de Setúbal - o Hospital do Barreiro, o Hospital de Almada e o Hospital de Setúbal - concorrem para que aconteçam muitos partos fora das unidades hospitalares”, explica Miguel Saldanha, comandante dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste. 

“Temos sentido, nos últimos tempos, que estamos a fazer mais partos do que o normal.” 

Os bombeiros têm sido, em muitos destes casos, o porto seguro das parturientes. Este fenómeno tem criado a necessidade de os bombeiros reforçarem a aprendizagem nesta especialidade.  

“Na semana passada, a mesma equipa pré-hospitalar efetuou dois partos no mesmo dia. Um numa residência e outro no interior de uma das nossas ambulâncias. Eu entendo que os meus operacionais têm de estar preparados”, declara Miguel Saldanha. 

A chegada do verão, natural período de férias dos profissionais de saúde e consequente encerramento de urgências, pode prenunciar um aumento destes casos.

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