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Ataque de Israel é uma forma de "desviar a atenção do que se passa na Palestina", diz Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa diz que o ataque de Israel ao Irão é também uma forma de desviar as atenções do que se passa na Faixa de Gaza. Quanto à Europa, o Presidente da República considera que ainda tem um papel secundário na geopolítica e para mudar isso, diz que é preciso investir na defesa.

Rita de Sousa

Depois de dizer que o ataque de Israel ao Irão era “previsível”, o Presidente da República, questionado pelos jornalistas, voltou a falar sobre o assunto dizendo que, uma vez que o Governo ainda não tomou uma posição, iria apenas fazer uma "análise pessoal da matéria". 

Marcelo Rebelo de Sousa diz que Israel, com esta atuação, consegue "seis objetivos ao mesmo tempo". Travar o processo nuclear iraniano, uma vez que "ataca com precisão e atrasa o processo", "aniquilar as chefias militares iranianas" e "travar a aparência de negociação entre os Estados Unidos e o Irão". 

A esses objetivos, segundo o Presidente, junta-se também a demonstração de que os Estados Unidos, o Reino Unido e os Países Árabes ditos moderados “num confronto entre Israel e o Irão dariam cobertura a Israel”. 

Para o chefe de Estado, este ataque demonstra, ainda, a intenção de “desviar a atenção do que se passa na Palestina e dificultar o processo de alguns países de reconhecimento do Estado da Palestina”. 

“A dramatização em torno do confronto Israel de um lado e Irão do outro, por um lado atira para segundo plano a questão da Palestina e, em segundo lugar, permite dar o argumento de que cá estamos nós a tomar uma posição que é uma posição que é favorável aos Estados Unidos da América, a vários países europeus”. 

Por fim, “demonstra a fraqueza do Irão”, uma vez que “não foi capaz de uma vez sobrevoando por inúmeros caças israelitas ter qualquer hipótese de contra-ataque ou de defesa”. 

“Como quem diz, num confronto entre os dois há um que tem poder e outro que parece que tem poder, mas não tem (...) Ao tomar esta posição, Israel toma porque está coberto e está coberto de uma forma implícita pelos Estados Unidos e Reino Unido, beneficia da posição cuidadosa da Rússia que condena, mas é uma condenação teórica e, por outro lado, ainda dá para reforçar a posição do Governo Israelita dentro da politica isralita”

“Significa que Israel tenta somar pontos na ideia de dizer: nós somos uma potência forte, nuclear, capaz de intervir unilateralmente na região sem que haja Nações Unidas, sem que haja nenhuma instância que nos trave”, finaliza o Presidente. 

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