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Portugueses Primeiro, 1143 e Blood & Honour: quem são e como atuam os grupos de extrema-direita em Portugal?

A associação "Portugueses Primeiro" é uma nova organização de extrema-direita no radar da Polícia Judiciária e dos serviços de informações. As autoridades admitem que estes grupos nacionalistas mobilizam cada vez mais militantes.

SIC Notícias

São nacionalistas e revolucionários, inspirados em movimentos intelectuais europeus de matriz identitária, e não escondem ao que vêm. Têm atividade pública nas redes sociais desde 2016, quando foi criada a associação "Portugueses Primeiro".

"A imigração tem contribuído para o agravamento de problemas laborais, nos quais a classe trabalhadora autóctone é a principal vítima, além de provocar acentuados conflitos sociais e inevitáveis choques culturais", lê-se numa publicação da Associação Portugueses Primeiro.

A "P1", como também se dá a conhecer, "promove a remigração gradual e sustentada das populações deslocadas". Um dos líderes do movimento é João Martins, já condenado a 17 anos de cadeia pelo homicídio de Alcindo Monteiro, precisamente num feriado de 10 de Junho.

Outro dos membros é Nelson Dias da Silva. Foi o porta-voz da organização e um dos militantes em destaque no Chega, onde foi secretário da Mesa da Convenção Nacional. Ao que a SIC apurou, Nelson terá sido, no entanto, expulso do partido há cerca de dois anos por alegados comportamentos extremistas.

À SIC, Nélson Dias da Silva garante que já não faz parte da associação Portugueses Primeiro. Admite que foi fundador do movimento, mas desviculou-se em 2018. Além disso, desmente ter sido expulso do Chega, assegura que nunca se desvinculou e que mantem o cartão de militante nº 70.

Apesar de ter poucos membros, o P1 – "Portugueses Primeiro" – consta há muito dos ficheiros da Polícia Judiciária e dos serviços de informações. Tal como outras oito organizações de extrema-direita, conotadas com discurso de ódio, cuja atividade é regularmente monitorizada pelas forças de segurança.

Quem são os grupos de extrema-direita em Portugal?

O 1143, do militante neonazi Mário Machado, a cumprir pena na cadeia de Alcoentre, é um dos grupos no radar policial.

Há também o Blood & Honour, classificado como terrorista em alguns países como Espanha, Alemanha e Canadá. Já foi, de resto, sancionado financeiramente por incitamento e financiamento ao terrorismo.

Este grupo neonazi estava referenciado no Relatório Anual de Segurança Interna, o RASI, mas foi entretanto apagado da versão final do documento por razões… nunca reveladas.

As autoridades admitem que estes grupos nacionalistas mobilizam cada vez mais militantes e, por isso, seguem de perto as atividades de todas as organizações de extrema-direita em Portugal, como o Habeas Corpus e os Hammerskins. Estão ainda sinalizados o Movimento Social Nacionalista, Escudo Identitário, Reconquista, Misanthropic Division e Trebaruna.

A direita radical cresce em toda a Europa e Portugal não escapa a esta viragem.

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