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Ordem dos Médicos exige mudança “profunda” no SIGIC com plano “transparente e escrutinável”

O bastonário Carlos Cortes defende que os programas de combate às listas de espera de cirurgias e consultas são “essenciais” para responder às necessidades dos doentes e devem ser mantidos, mas considera que o sistema precisa de ser alterado.

Carolina Botelho Pinto

Sobre o caso do dermatologista que recebeu 400 mil euros por 10 sábados de trabalho através do SIGIC, o bastonário dos Médicos garante que, se os alertas da Ordem tivessem sido considerados, o SNS não estaria hoje a enfrentar esta situação.

A Ordem dos Médicos exige que seja feita uma mudança profunda no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), pedindo um plano de gestão “robusto, transparente, escrutinável e regulável”.

O bastonário Carlos Cortes defende que os programas de combate às listas de espera de cirurgias e consultas são “essenciais” para responder às necessidades dos doentes e devem ser mantidos, mas considera que o sistema precisa de ser alterado.

Para isso, propõe cinco alterações fundamentais:

  • Que passem a ter mecanismos de validação clínica dos atos codificados através de verificações independentes e regulares
  • Que exista um sistema de alerta precoce, centralizado na direção executiva do SNS, que desencadeia inspeções imediatas aos casos sinalizados
  • Implementação de um controlo externo regular com autorias independentes e relatórios de conclusões públicos
  • Avaliação rigorosa dos resultados produzidos, assegurando que o sistema não responde apenas em quantidade, mas em valor real para os utentes
  • Inclusão formal da Ordem dos Médicos em todo o processo

Recorde-se que o SIGIC permite a realização de cirurgias para lá das escalas de serviço através de incentivos financeiros para as equipas hospitalares. Mas, supostamente, existem limites a esta atividade, que não pode exceder um terço da produção cirúrgica total.

O primeiro caso a tornar-se público foi o do dermatologista do Santa Maria que, em 10 sábados, recebeu 400 mil euros. O caso já está a ser investigado pelo Ministério Público, mas não será único.

A SIC sabe que há também quatro médicos do Hospital de Portimão alvo de inquérito devido a dinheiro recebido em SIGIC.

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