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Operação Picoas: Alexandre Fonseca, ex-CEO da Altice, constituído arguido

Alexandre Fonseca já tinha sido alvo de buscas há quase dois anos, mas ainda não tinha sido formalmente declarado suspeito no caso que investiga corrupção no setor privado, fraude fiscal e branqueamento.

Luís Garriapa

Ana Filipa Nunes

Alexandre Fonseca, antigo CEO da Altice Portugal, foi esta quinta-feira constituído arguido, no âmbito da Operação Picoas, que investiga corrupção na empresa de telecomunicações.

O empresário chegou a ser alvo de buscas há quase dois anos, mas não chegou a ser detido nem constituído arguido. Foi agora chamado ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para ser interrogado pelo Ministério Público.

À saída do DCIAP, um momento captado em exclusivo pela SIC, Alexandre Fonseca, na companhia do advogado Rogério Alves, rejeitou prestar declarações.

Alexandre Fonseca diz que esclareceu “todas as questões levantadas”

O antigo CEO da Altice afirmou à agência Lusa que é sem surpresa e alarme que assume estatuto de arguido no processo, após "esclarecer todas as questões levantadas".

"Estive hoje no Departamento Central de Investigação e Ação Penal para ser ouvido no âmbito da chamada Operação Picoas, confirmou à Lusa Alexandre Fonseca.

"Finalmente, ao fim de quase dois anos, fui confrontado com questões relacionadas com a Altice no âmbito do processo e foi-me dada oportunidade de tomar conhecimento e de, cabalmente, esclarecer todas as questões levantadas", acrescentou.

Por isso, "é sem surpresa ou alarme que assumo o estatuto de arguido após prestar declarações que há muito esperava e ambicionava poder prestar".

Operação Picoas: o que está em causa

Em causa no processo Picoas estão suspeitas de corrupção e falsificação de documento, relacionadas com decisões do grupo Altice que terão defraudado o Estado em mais de 100 milhões de euros, indicou anteriormente o Ministério Público.

Aliás, "seria, a todos os títulos, incompreensível ou até estranho, para não dizer quase impossível, que o presidente executivo da empresa, à época dos factos sob investigação, fosse deixado de fora de tal processo", adiantou o gestor.

"Desde julho de 2023 aguardava esta oportunidade para contribuir para o apuramento dos factos, esclarecendo a forma como desempenhei funções entre 2017 e 2022, sendo que os factos alegadamente imputados são exclusivamente aqueles que foram veiculados na comunicação social há cerca de dois anos e os quais serão cabalmente clarificados".

"Considero que este é o melhor estatuto processual -- não para me defender, mas sim para, com serenidade e rigor, contribuir para o desfecho rápido e justo da investigação", rematou Alexandre Fonseca.

A investigação foi tornada pública em 13 de julho de 2023, quando foram detidos o cofundador do grupo Altice Armando Pereira e outras duas pessoas.

Cinco dias mais tarde, Alexandre Fonseca suspendeu todas as funções no grupo Altice, onde era co-presidente executivo (co-CEO) da Altice Europe e presidente do Conselho de Administração ('chairman') da Altice Portugal e da Altice USA.

Em janeiro de 2024, o gestor anunciou no LinkedIn, no Facebook e no X ter chegado a acordo com o grupo Altice para a sua saída da empresa.

Segundo os procuradores, envolve transferências de dinheiro e uma extensão geográfica com uma dimensão poucas vezes vista nas investigações em Portugal.

Com Lusa

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