País

O que se sabe até ao momento sobre morte de doente ventilada durante o apagão

A mulher, com várias comorbilidades, estava ventilada 24 horas por dia, em casa, no Cacém, Sintra. O filho afirma que quando chamou o INEM, a bateria do mecanismo que a mantinha viva, estava a 50%.

Fernanda de Oliveira Ribeiro

Ricardo Tenreiro

O Ministério da Saúde pediu uma auditoria à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre uma eventual vítima do apagão: uma senhora, de 77 anos, que dependia de um ventilador durante 24 horas por dia.

A confirmar-se, o caso poderá ser o único, até agora conhecido, de uma vítima do apagão geral que afetou Portugal na segunda-feira.

O filho acredita que se não tivesse havido falta de energia, a mãe estaria viva. Em declarações à RTP, explicou que pediu ajuda ao INEM, mas o auxílio demorou.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) considera que houve falhas de mais do que uma entidade no socorro prestado a esta mulher.

“A ter ocorrido desta forma, terá havido falhas em dois âmbitos. Por um lado, da Unidade Local de Saúde responsável pela prescrição e colocação do aparelho respiratório na casa desta utente, que deve, ou devia, no seu plano de contingência, ter acautelado que todos os doentes que dependem de aparelho respiratório têm a sua situação clínica salvaguardada, o que não aconteceu", afirma Rui Lázaro, presidente do STEPH.

Bateria do aparelho a 50% quando o filho contactou o INEM

A mulher, com várias comorbilidades, estava ventilada 24 horas por dia, em casa, no Cacém, Sintra. O filho afirma que quando chamou o INEM, a bateria do mecanismo que a mantinha viva, estava a 50%. Demora no trânsito ou falha nas comunicações também estão a ser equacionadas como razões para o atraso.

“O que também é inesperado é que a viatura médica de emergência tenha demorado 36 minutos a chegar a esta ocorrência. Isto numa cidade da Área Metropolitana de Lisboa, onde o tempo aceitável para chegar a um meio destes era entre cinco e 10 minutos”, explica Rui Lázaro.

Governo soube da morte a 1 de maio

O Ministério da Saúde admite que só soube do caso a 1 de maio, um dia depois do primeiro-ministro ter dito que em Portugal o apagão não tinha provocado qualquer morte.

De imediato, a ministra Ana Paula Martins decidiu pedir à IGAS uma auditoria para o esclarecimento cabal deste caso. Em comunicado, diz também que, segundo as informações prestadas pelo INEM, o pedido de socorro para o 112 foi recebido às 15:52 e a Viatura de Emergência Medica foi acionada cinco minutos depois. Acrescenta ainda que foi enviada uma ambulância e que o óbito foi declarado no local".

Aguarda-se que a autópsia e a investigação da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde esclareçam as circunstãncias da morte desta paciente.

Últimas