País

"Crise inédita": Montenegro antecipa Portugal iluminado "nas próximas horas" mas admite que é preciso mais segurança energética

O chefe de Governo português afirma que o apagão desta segunda-feira estará relacionado com um aumento abrupto da tensão na rede elétrica espanhola. No futuro, afirma, será preciso melhores mecanismos de resposta para evitar um novo apagão.

Rita Carvalho Pereira

O primeiro-ministro espera que o país retorne à “normalidade” já esta terça-feira, mas admite que é preciso reforçar a segurança energética. Luís Montenegro considera que o apagão representou uma “crise inédita”, mas que o Estado revelou capacidade de resposta”. 

Numa declaração ao país feita esta noite, a partir do Palácio de São Bento, o chefe de Governo voltou a afirmar que o corte no abastecimento elétrico terá tido origem provável em Espanha. 

“Não há ainda um apuramento cabal da origem", ressalvou, “mas há alguns elementos que apontam numa direção”.  

“Essa origem não está relacionada com a rede elétrica portuguesa”, frisou. “Estará relacionada com um aumento abrupto da tensão na rede elétrica espanhola, cuja origem não conseguimos agora explicar.” 

Beira Baixa, Alentejo e Setúbal são "situações mais difíceis"

Luís Montenegro afirmou que é esperado o "restabelecimento integral" da energia elétrica "nas próximas horas", apesar de “situações mais difíceis” nas regiões da Beira Baixa, Alentejo e Setúbal. Ainda assim, antecipa uma situação de “normalidade” já esta terça-feira. 

Mas a demora na retoma, ressalva o primeiro-ministro, "pode eventualmente ser superior em Portugal do que em Espanha" porque, ao contrário do país vizinho, Portugal não tem ligações com outros países, como França e Marrocos. 

O apelo à moderação e prudência

Apesar de estarem a ser antecipados os horários de restabelecimento elétrico anteriormente previstos pela REN, o primeiro-ministro pediu aos portugueses que mantenham a “moderação” no consumo elétrico.

Apelou também à "serenidade" e ao "respeito pela ordem e pelas instruções das forças de segurança", além de prudência "face à desinformação". 

Escolas devem reabrir esta terça 

Luís Montenegro afirmou que as escolas devem reabrir normalmente esta terça-feira.

Tal cenário só não se verificará se houver algum percalço no processo de restabelecimento de energia elétrica, acrescentou.

Autorizados voos noturnos para recuperar atrasos

Luís Montenegro adiantou também que foram autorizados voos noturnos no aeroporto de Lisboa para recuperar atrasos e que o Governo está a tomar diligências para assegurar o apoio necessário, incluindo garantir alimentação, aos passageiros retidos na capital. 

De resto, repara que a travessia do Tejo terá transporte gratuito até ao final do dia. 

Energia nos hospitais? Não houve "situações-limite" 

Montenegro afirmou que não houve nenhuma "situação-limite" no que toca ao fornecimento energético para os hospitais,

O primeiro-ministro reconheceu, ainda assim, que tiveram de ser geridas "situações de perturbação".

Montenegro notou que, tendo o Conselho de Ministros decretado a situação de crise energética, foi possível assegurar o funcionamento dos serviços críticos e essenciais, tendo dada indicação à REN de que os hospitais eram os destinatários prioritários. 

É preciso mais mecanismos de segurança 

Em termos de segurança energética, Luís Montenegro reconhece que é preciso mecanismos de segurança mais desenvolvidos para "evitar que um evento destes volte a ocorrer com este impacto".  

O primeiro-ministro falou na necessidade de projetar com Espanha “melhores procedimentos, para, no futuro, evitar repetir esta ocorrência.  

"Estamos dependentes só de Espanha", notou, admitindo que é necessário também, junto da Comissão Europeia, um "reforço das interligações com a Europa". 

Montenegro frisou que ao longo do dia, esteve em contacto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen e com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, assim como com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Além disso, falou também com o líder da oposição em Portugal, Pedro Nuno Santos, e, em permanência, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.  

Quanto à reunião que planeava fazer com os partidos políticos, na Assembleia da Républica, disse que não foi possível estabelecer contacto com as representações parlamentares. 

De resto, o Luís Montenegro fez saber que o Conselho de Ministros vai permanecer reunido em modo de gestão de crise.

Últimas