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Apagão: Mira Amaral denuncia "falha técnica muito grave" e sugere ao Governo avançar com inquérito

Luís Mira Amaral criticou a demora na reposição da eletricidade depois do apagão desta manhã de segunda-feira. O ex-ministro alertou para "uma falha técnica grave", fruto de "decisões políticas irresponsáveis" do PS e PSD.

SIC Notícias

Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia, fez duras críticas à gestão do sistema elétrico português, na sequência do apagão que deixou Portugal às escuras esta segunda-feira. Em entrevista à SIC Notícias, Mira Amaral descreveu o que aconteceu como "uma falha técnica muito grave" e apelou a uma investigação séria à resposta das infraestruturas energéticas nacionais.

"Antes de ser ministro, fui engenheiro de redes na EDP. Conheço perfeitamente o sistema, sei do que falo", afirmou, acrescentando que "muitos ministros tomaram decisões irresponsáveis, sem competência e sem terem o bom senso de ouvir quem sabe da matéria."

Mira Amaral apontou o dedo às políticas que, nos últimos anos, segundo referiu, deixaram o país dependente da energia de Espanha. "Entrámos no mercado ibérico de eletricidade, onde passou a ser mais vantajoso importar energia espanhola do que produzirmos nós. Temos os nossos geradores parados porque é mais económico importarmos energia elétrica de Espanha do que produzir nas nossas centrais e ter custos variáveis", explicou.

O ex-governante alertou para o encerramento, que considera "prematuro e irresponsável", das centrais a carvão. "Já na altura, a rede espanhola foi quem nos salvou . Só me admiro que esta situação só tenha acontecido agora", disse.

Sobre o incidente desta segunda-feira, Mira Amaral falou de falhas estruturais:

"Em Portugal, só duas centrais tinham capacidade de ‘black start’. Acho uma vergonha, num país destes, ter havido às 11:30 um apagão e depois levamos tanto tempo para repor a normalidade da rede - que ainda não está reposta", afirmou

E continuou:

"O que tempo que se levou a repor a normalidade...Considero uma falha técnica muito grave do sistema e acho que o Governo devia mandar fazer um inquérito para encarar seriamente a situação."

O antigo ministro voltou a lamentar que a recuperação tenha sido lenta. "Tínhamos meios parados que podiam ter entrado em funcionamento mais cedo."

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