Em mais uma visita ao Museu de Salgueiro Maia, em Castelo de Vide, João Margarido da Silva recorda as brincadeiras do amigo que, apesar do amor a um clube, não passavam por correr atrás de uma bola.
“Era um jardim grande em Castelo de Vide. Guardas e ladrões, era assim a vida dele. No futebol eram todos benfiquistas, mas não me lembro de o ver jogar”, recorda.
A rua é estreita e não combina com o tamanho da história. Foi numa casa no centro da vila que nasceu, por acaso, um dos homens da Revolução.
“Ele nasceu circunstancialmente nesta casa porque a casa não era dele. O pai estava num centro ferroviário, numa estação isolada, e trouxe a mulher para casa de uma familiar porque havia mais segurança para ter o filho”, lembra Carolino Tapadejo, amigo de Salgueiro Maia.
O começo de vida de Salgueiro Maia esteve muito longe de ser fácil. Apenas com três anos, perdeu a mãe de forma trágica. Foi depois para Coruche, Tomar e Pombal. Casou com Natércia, a quem sempre lembrou os tempos no Alentejo.
Morreu com apenas 47 anos, vítima de cancro. O Capitão de Abril deixou em testamento todo o seu espólio a Castelo de Vide e pediu para aqui ser enterrado de forma simples.
Salgueiro Maia está também imortalizado no centro da vila, com uma estátua e o veiculo onde fez aquela que terá sido, simultaneamente, a viagem mais difícil e importante da sua vida.