País

Pais desesperam: milhares de crianças sem vaga nas creches públicas

Sem vagas na rede pública e sem respostas do Governo sobre possíveis apoios nos estabelecimentos privados, não têm como pagar uma mensalidade de centenas de euros. Até ao momento, o Governo anunciou apenas a abertura de mais 200 salas, que vão dar resposta a cinco mil crianças, número abaixo das necessidades.

Diana Pinheiro

Até aos três anos o apoio da Creche Feliz permite que as crianças frequentem estabelecimentos privados sem qualquer custo. O problema começa no pré-escolar. Com o insuficiente número de vagas no setor público, a alternativa passa por pagar uma mensalidade que, em alguns casos, pode chegar aos 500 euros.

“Na maior parte das freguesias dos concelhos já não há vagas. Já não havia o ano passado e suspeita-se que não vai haver vagas na escola pública. Portanto, as famílias neste momento estão a renovar as matrículas nos estabelecimentos de educação pré-escolar e a primeira pergunta que surge sempre é se vai haver algum apoio do Estado. Se sim, qual o apoio”, explica Susana Batista, presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular.

À Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular chegam, todos os dias, dezenas de dúvidas. Até ao momento, sabe-se apenas que vão ser abertas 200 novas salas. Vão dar resposta a cinco mil crianças, de fora continuam pelo menos sete mil. O último balanço do Governo mostrava que 12 mil crianças entre os três e os cinco anos não têm vaga na rede pública.

A abertura das salas pode estar comprometida devido à falta de educadores. Susana Batista deixa um aviso aos pais com filhos que fazem três anos entre o dia 16 de setembro e o dia 31 de dezembro.

“Poderão eventualmente ainda continuar mais um ano em creche se não conseguirem vaga no pré-escolar porque pela idade é-lhes permitido a continuação na creche ao abrigo da Creche Feliz, no caso de já estarem a ser abrangido por esse programa nas creches existentes e, portanto, poderão continuar mais um ano”

Depois a creche tem de avaliar se tem capacidade para manter a criança. Nos estabelecimentos públicos, as matrículas vão decorrer entre 22 de abril e 31 maio. Através do Portal das Matrículas, os pais devem indicar cinco estabelecimentos por ordem de interesse. Só no início de julho sabem se o filho ficou ou não em alguma das opções.

Questionado, o Ministério da Educação não esclarece que outros apoios podem estar em cima da mesa para responder ao desespero de milhares de famílias.

Últimas