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Bugalho diz que anúncio de Von der Leyen para Defesa da UE “não é revolucionário”

O eurodeputado eleito pela Aliança Democrática diz que Portugal tinha de voltar a ter défice para beneficiar de grande parto do plano europeu. Por outro lado, Bugalho elogia a proposta de tréguas feita por Zelensky, considerando que é um "piscar de olhos, mas não total, aos EUA.

Rita Carvalho Pereira

Sebastião Bugalho considera que oplano apresentado por Ursula von der Leyen para aumentar as capacidades militares da União Europeianão é “revolucionário”. O eurodeputado português da Aliança Democrática sublinha também que se trata apenas de uma proposta, que ainda terá de ser validada pelos Estados-membros. 

O plano que a presidente da Comissão Europeia apresentou, esta terça-feira, inclui a mobilização de cerca de 800 mil milhões de euros, o empréstimo de 150 mil milhões, a flexibilização das regras orçamentais e a mobilização de capital privado.  

Não é o anúncio de algo que seja exatamente revolucionário do ponto de vista de defesa”, avalia Sebastião Bugalho, em entrevista à SIC Notícias, a partir do Partido do Parlamento Europeu, em Bruxelas. 

“Teríamos de voltar a ter défice para beneficiar”

Apesar de considerar que "pode facilitar alguma compra conjunta de material militar”, a países com menos capacidade financeira ou com infraestruturas militares por desenvolver, para o eurodeputado, no caso de Portugal, a isenção das regras orçamentais não é assim tão proveitosa.

“Para um país como o nosso, que é um país com pouca capacidade financeira, mas que, neste momento, tem superávit e tem uma dívida pública em processo de redução acentuado, estas ferramentas não se colocam”, comenta Sebastião Bugalho. “Teríamos de voltar a ter défice para conseguirmos beneficiar destas medidas.” 

O plano apresentado por Von der Leyen será debatido, na quinta-feira, no Conselho Europeu extraordinário. Entretanto, também o Parlamento Europeu, assegura o eurodeputado, está a preparar propostas e a “procurar consensos entre as várias famílias políticas”. 

Plano de tréguas? Zelensky colocou Ucrânia no centro da ação 

Os processos, admite Sebastião Bugalho, foram acelerados devido ao anúncio de Donald Trump da suspensão da ajuda militar à Ucrânia. E o eurodeputado também não augura nada de bom do discurso que o Presidente norte-americano fará esta terça. 

Hoje, Donald Trump, à noite, em Washington, fará um discurso que tem tudo para não correr bem”, declara.  

Aindaassim, Sebastião Bugalho avalia positivamente a proposta feita pelo Presidente ucraniano para uma trégua no ar e no mar, como mote para as negociações de paz. 

Este gesto diplomático do presidente Zelensky é útil e tem valor precisamente porque coloca a Ucrânia no centro da ação das conversações, que, neste momento, estavam bastante resumidas, infelizmente, entre os Estados Unidos da América e a Federação Russa, nota. 

Zelensky aproxima-se de uma das reivindicações da administração norte-americana liderada por Donald Trump, que é a do cessar-fogo", repara o eurodeputado. Torna-a mais restrita aos aspectos marítimos e aéreos, e não ao teatro de operações no seu todo.  

UE tem de estar envolvida nas conversações

Para Sebastião Bugalho, esta é uma posição moderada e equilibrada da parte da Ucrânia”, que, deste modo, "pisca o olho aos Estados Unidos da América, fazendo algumas cedências, mas de modo a manter a segurança do território de alguma forma. 

No que diz respeito às negociações de paz feitas daqui para a frente, o eurodeputado insiste: também Bruxelas tem de estar envolvida nas conversações.

“Por uma razão simples: aquilo que acontecer na Ucrânia é determinante para a segurança de todos os europeus. 

As polémicas com o primeiro-ministro em Portugal 

Quanto à atualidade política em Portugal, marcada pelas recentes polémicas que envolvem o primeiro-ministro Luís Montenegro, Sebastião Bugalho, que foi eleito para o Parlamento Europeu em representação da coligação atualmente no Governo, disse não estar preparado para responder. “Não estou no núcleo da coordenação do Governo, não estou no núcleo da coordenação do Partido, atirou. 

Ainda assim, o eurodeputado admitiu que tanto a opinião pública como os partidos e o Governo concluíram que Montenegro não podia estar casado em comunhão de bens com alguém que detém uma empresa que ainda está a funcionar e que tem clientes que derivam da atividade anterior do primeiro-ministro". 

Bugalho considera que a situação foi resolvida com o pedido feito por Luís Montenegro à Entidade para a Transparência para auditar as suas declarações.  

Em relação à moção de censura apresentada pelo PCP, o eurodeputado diz que cabe ao Governo dizer se a votação dessa moção é suficiente para se manter em funções ou não. “Mas se os partidos da oposição discordarem do Governo, então que tomem as suas medidas, desafia.

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